Cansada de apanhar todas as pequenas coisas que vão ficando espalhadas pela casa ao longo do dia, cansada de sentir que depende apenas de mim manter a ordem do ambiente que nos rodeia, cansada de sentir o peso diário das responsabilidades domésticas, decidi fazer uma pequena experiência.
Aquela caixa do puzzle caída no chão, ali permaneceria. Ficaria então a saber de uma vez por todas se mais alguém a levantaria do chão.
Passaram-se dias e a caixa pouca alteração sofreu. A Alice voltou a mexer nela quando se lembrou do puzzle e movimentou-a para outra divisão, mas no chão ficou. Cheguei até a vê-los alçarem o pé e passarem sobre ela. Mas apanhá-la nunca.
Seria possível que imaginassem que aqui em casa havia uma espécie de fada esvoaçante que durante a noite tratava de tudo o que ficava caído? A Fada Doméstica silenciosa e amiga que punha ordem no desordenado como que por magia?
Seria possível que todos aqui em casa me tivessem tomado como garantida a esse ponto?
Às vezes sentir que nos assumem, que nos partem do princípio, que deixam de pensar que há alguém por detrás de tudo o que os rodeia, cansa.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 dia
22 comentários:
Às vezes não é facil, acredita... Mas haverá outros dias de incomensuravel prazer nestes dias que hoje te parecem tão cansativos e tão pesados.
Amanhã é sempre outro dia.
Beijo
É sempre assim, o mais organizado do clã é o que se lixa. Por acaso cá em casa não sou eu, mas tento estar atenta.
Faz uma intervenção à americana!
Joaníssima amanhã já me passou a telha. Podes ter a certeza. Eu sou de humores e os meus variam com o vento, ah e com as hormonas.
Melissa nem mais. Neste caso quem se lixa sou eu. Eu já faço em modo automático, mas às vezes bate-me uma neura brutal, porque sinto que se eu não fizer ninguém vai fazer por mim...
Agora a pergunta fulcral:
O que é uma intervenção à americana? Para além da invasão do Iraque não estou a relacionar nada...
Aquelas dos drogados e alcoólicos. Convocas uma reunião com toda a família e dizes exactamente o que pretendes do(s) prevaricador(es). Falas tudo o que tens a falar sem interrupções. Daí partem para a fase da cura.
Meio dramático, mas dizem que funciona.
Não digas nada ao Hugo.
http://en.wikipedia.org/wiki/Intervention_(counseling)
Melissa Ah Ah Ah Ah
Acho que não é caso para tanto, eu vou dizendo as coisas o problema é que só funciona a curto prazo. No entanto, vou espreitar na mesma :)
Ana C., quem lhe dói o dente é que vai ao dentista e nisso das arrumações, a quem faz confusão as coisas espalhadas é que tem de arrumar, porque os outros, é como dizes até levantam a perna e passam pior cima. Eu sei muito bem como é. Mas achei muita piada à tua conversa com a Melissinha. Essa da intervenção à americana, ainda me estou a rir...É o que isto tem de bom. Faz-nos rir, pensar, chorar. Beijokas
A questão é mais que nem se preocupam que ali esteja. E pensa que também talvez não valha a pena desgastares-te. Um dia fica, outro dia fica, outro dia fica, e às tantas já te deixaste de preocupar. É assim mesmo. E um dia a Alice cresce e é ela que arruma. E foram menos cabelos brancos que ganhaste. É assim que temos de ir agindo no mundo que nos rodeia, devemos preocupar-nos com a limpeza e deixar alguma desarrumação tomar conta das nossas vidas. Mas eu sei que não é fácil, és mulher e ontem vi que está guardado para o nosso cérebro preocuparmo-nos :-D
Mariinha eu tenho consciência de tudo o que dizes, mas há alturas em que simplesmente me sinto cansada. Hoje já estou bem. A Melissa é sem dúvida uma das mulheres com dom para a escrita, mais cómicas que conheço :)
Precis muito obrigada. Sabes que sou de humores. Uns dias apetece-me varrer tudo da face da terra, outros tudo é relativizado. Hoje já relativizei. Ah e, ao contrário do que possa parecer, eu não sou maníaca das arrumações. Só não gosto de andar a tropeçar em coisas que estão no chão...
Entendo-te lindamente. Há dias em que nos fartamos que tudo esteja dependente de nós e nos apetecia também relaxar e que alguém se preocupasse por nós com as coisas mais triviais... O que vale é que passa!
Quase parecia que estavas a falar de mim! Não sou do tipo de andar sempre a pôr tudo nos sítios, mas tenho os meus limites. E chateia-me que lá em casa não tenhamos todos os mesmos limites... Felizmente, há a questão das hormonas que, se num dia nos atiram para o chão e nos enfiam numa depressão, noutros empurram-nos lá para cima e fazem-nos sentir superiores a estas coisinhas pequenas.
C nem mais. Há dias em que só queria que fizessem por mim, que dessem valor àquelas pequenas coisas que mais ninguém faz...
Brisa uma coisa que a blogosfera tem de bom é entendermos que as nossas pancadas não são só nossas :)
infelizmente é um "filme" comum...
they take us for granted...
Hannah há frases que em inglês soam muito melhor sim :)
Cá em casa havia uma fada que todos os dias apanhava as meias e os boxers de trás da porta da casa de banho. Até que um dia se fartou.
E foi ver o monte a crescer, e a crescer...
Certo dia surgiu a pergunta: "não tenho boxers lavados?"
E a fada respondeu: "Não estava nenhum sujo no cesto!"
Foi remédio santo.
Mas não foi fácil chegar lá.
Ana. Eu com a roupa não tenho que me preocupar. Se fosse esse o caso já tinha feito o que tu fizeste também, porque não há nada como sentir na pele o problema :)
Só que as coisas pelo chão não parecem incomodar ninguém por aqui...
Pois, eu entendo..mas confesso que eu tenho um pouco a mania das arrumações!.. Antes essa fada existisse de vez em quando :) Mas ainda bem que vejo que esses teus cansaços de tudo passam rápido! Bjinhu
Como eu conheco essa sensacao de cansaco....
Não teria dito melhor! Revi-me no texto...
Às vezes cansa... só apetece deitar a caixa pela janela.
Mas deixá-la ficar no sítio para ver o que acontece também é uma optima opção... vou experimentar ;)
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