Na Suécia quem nos atende nos restaurantes e atrás dos balcões são suecas descomplexadas de olhos azuis fluorescentes e cabelo muito loiro. Verdadeiras betinhas surfistas da linha. Uma pessoa até se sente assim constrangida quando aquelas meninas todas cheias de estilo nos enfiam com o salmão em cima da mesa. A nossa vontade é convidá-las para se sentarem connosco como velhas/novas amigas.
É claro que também há emigrantes atrás dos balcões, mas a maioria é assumidamente e sem qualquer tipo de vergonhas, sueca.
O que me leva à questão: Onde estão os nossos empregados de mesa? Aqueles que conhecem as caras, os nomes dos nossos filhos, nos perguntam pelo trabalho, sabem o que mais gostamos de comer. Aqueles que fazem do servir à mesa uma arte, um prazer para quem é atendido?
Sim, estão a envelhecer e nos restaurantes mais típicos, aqueles que insistem em manter algumas tradições, como a dos empregados de mesa-família como eu lhes chamo.
Ainda vou a alguns restaurantes onde me tratam por menina e sabem exactamente o que vou pedir, ainda que fique anos sem aparecer por lá.
Mas infelizmente os portugueses têm cada vez mais vergonha, ou idiotice ainda não percebi bem, de trabalharem no que quer que seja que não tenha Dr. antes do nome. Por isso é vermos esta arte tão querida em vias de extinção e cada vez mais empregados de outras nações, ou mesmo da nossa nação a atirarem-nos com pratos em cima do topo da sua arrogância. A não perceberem os pedidos à primeira, à segunda, ou à terceira e a fazerem o favor de nos porem a comida à frente sem um sorriso, sem um bom dia, sem nada que nos dê sequer vontade de lhes deixarmos 1 cêntimo de gorjeta.
Qualquer dia temos que os tratar por Dr. Em vez de: "Faxavor Garçon" (ah ah garçon) passará a ser: "Faxavor Sr.Dr! Podia mandar passar mais um bocadinho o bife?"
- Ah se eu sou Dra.? É mesmo preciso saber o meu grau académico para mandar passar o bife? Então sou Doutora por extenso, Arquitecta, Engenheira e quero isso bem passado!
Na Suécia não se tem vergonha do trabalho, qualquer que ele seja. E cá? hmmm acho que não é preciso pensar muito.
*Perguntinha idiota: Já vos aconteceu pedirem-vos para preencher um estúpido cartão de fidelidade de uma loja rasca de bijutaria e uma das perguntas ser: Grau académico? Só mesmo cá...
E os cartões que nos impingem nas lojas davam outro post...
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
22 comentários:
A diferença de tratamento causada pelo grau académico dava pano para mangas.
O que me enerva nas repartições públicas as, sempre auteras funcionárias, a dereterem-se todas para o Sr. Doutor...
O problema deste país é que está cheio de doutores, engenheiros, arquitectos e outros que tais sem formação académica e/ou cívica de jeito.
Preferia ter menos "doutores da mula russa" e "engenheiros de obras feitas" e mais profissionais competentes.
Mas isso sou só eu, que nos meus cartões, depois de alguma discussão com o senhor do banco tenho apenas o meu nome.
;)
Em Portugal existem as Pessoas mais estúpidas que conheço neste mundo (E como eu detesto Pessoas), sim porque até viajo alguma coisa, seja em trabalho ou em trabalho.Aqui em PT os complexos são de todo o tipo, falando aqui no trabalho, as pessoas têm vergonha de tudo o que seja abaixo de um administrativo, mas se têm carro e tlm é o mais prx do doutoramento e aí, meu amigo já somos quase alguém, mas estou de acordo com a Ana C..
No Japão como por exemplo, numa bomba de gasolina existem “gasolineiros” com o orgulho do seu local de trabalho, que aqui em PT roça aos patamares visuais e de realização pessoal de um Doutoramento.
Só visto!?
felizmente ainda sao poucas as más experiencias a nivel de atendimento nos restaurantes... mas as k tive foram de uase mandar o empregado `m****....
mas Ana, deixa-me k te diga, tb ha o reverso da medalha...
eu, com grau academico e a tirar 2ª licenciatura, ja tive k trabalhar na caixa de um supermecado pra poder pagar os estudos...e qnts vezes fui olhada com desdem e maltratada ppor seres k se achavam superiores pk sao nao o sei o que...
Servir à mesa é uma arte, de facto. Sente-se uma diferença tão grande entre os locais onde os garçons são exageradamente impessoais e os que praticam com esmero a arte de receber um cliente e de o mimar com um sorriso de cada vez que se aproximam da mesa. E já para não falar na mestria do decantar o vinho ou de arranjar o peixe antes de ser colocado na mesa.
Eu tive que exigir que retirassem o dr.ª do livro de cheques no banco...
Mas trabalho num mundo de eng.º e arq.º e esses acham-se muito mais superiores ainda... porque parece que é uma classe à parte. Na empresa onde trabalho, há diferenciação de vencimentos, se és eng.º ganhas de acordo com o grau académico, se és dr.ª temos pena...
Mas pior que isso é que nunca fiz questão rigorosamente nenhuma de ser tratada pelo meu grau académico, não nasci com aquela preposição antes do meu nome, por isso... mas no meio onde trabalho, tenho que o usar, se quero chegar a algum lado e obter dados e informações que preciso. Se puser o meu nome simples, ninguém me liga ou sequer responde, mas se puser dr.ª (que eu acho incorrecto, porque sou apenas licenciada...) ligam logo cheios de salamaleques e "vamos já tratar de lhe enviar o que pediu...".
Mas se formos a ver bem, um varredor de rua ou um canalizador ganha bem mais que um qualquer licenciado com alguns anos de carreira. E acho mto bem!
Resposta à pergunta: nunca tal coisa me aconteceu. Mas que raio para que é que interessa o grau académico nessa situação? Ganhamos mais pontos se formos douturados? lol
Miguel já assisti a várias dessas que dizes. Mas isso são os advogados manhosos que lançam todo o seu charme junto das funcionárias mal amadas para obterem certas regalias...
Assistes a isso principalmente nos registos.
Ana. Agora tocaste no ponto. Hoje em dia também qualquer um é doutor. Mas daí a ser bom profissional vai uma graaaaaaaande distância :)
JBrito tu és um prato e tenho dito. Detestas pessoas? E viajas em trabalho, ou em trabalho? Ah Ah Ah
Mas quanto ao resto somos uns grandes complexados sim, uns mete nojo de todo o tamanho. E basta-nos sair um bocadinho daqui para percebermos isso com muito mais nitidez...
Hannah é claro que há o reverso da medalha. Quando os "doutores" tratam mal um simples funcionário. Eu sempre achei que a forma como tratas as pessoas que estão ali para te atender diz muito de ti...
E isso tem a ver com educação, não há diploma que te dê.
Brisa eu acho que é uma arte em vias de extinção, pois os mais novos encaram o servir à mesa como uma coisa pouco digna...
Não me fales em arranjarem-me o peixinho, porque ainda hei-de escrever sobre como sinto falta disso e que me descasquem laranjas. Mas aqui não só nos restaurantes ;)
Naná ganharmos de acordo com os nossos estudos parece-me razoavelmente linear. Agora que na hierarquia laboral, muitas vezes quem tem mais diploma trabalha metade, também acontece..
Quanto ao resto infelizmente tens razão, muitas vezes as pessoas são obrigadas a dizerem que são Dr. para que sequer as escutem e isso é um ciclo vicioso...
Hyndra pois a mim já me aconteceu numa loja de malas de viagem, numa loja de electrodomésticos e mais recentemente numa loja de bijuteria. Limitei-me a olhar o formulário, pois se há coisa que detesto é ter cartões de tudo e mais alguma coisa que dizem que dão isto e aquilo e depois nunca dão nada ;)
A mim ainda me cortam o bifinho ao quadradinhos como faziam quando eu era pequenina. Quando voltei de Inglaterra serviram-me o bife inteiro e eu reclamei. Disse que nao era por ter passado dois anos fora que ja nao queria o bifinho partido... LOL! Agora tenho quase 34 e ainda vem o bifinho todo partidinho arrumadinho debaixo do ovo estrelado. :)
Ritinha fazem-te isso no restaurante? Mas qual é? Diz-me para eu lá ir. É que cá em casa sou eu quem corta, desfaz, esmigalha, esmaga. Se for em casa dos teus pais convida-me para ir lá jantar. Quero tudo cortado.
LOL!!!! Os meus pais nao sabem cozinhar.
O restaurante e no Porto, a minha terra natal. Mas aqui em Cascais tambem fazem miminhos... Fazem-me ovinhos estrelados com batatinhas fritas que e o meu prato favorito, mas nunca esta em nenhuma ementa. Noutro restaurante poe sempre os rabinhos do pao no cesto porque sabem que eu so gosto de codea. Noutro a Cola Light vem numa caneca gigante e gelada porque eu gosto de muito gelo. Noutro o chefe faz pudim molotov para sobremesa porque sabe que eu adoro "e coitadinha esta longe de casa e da familia"... LOL! Noutro fazem-me sempre um prato qualquer que nao esta na lista porque senao eu "nao me sinto especial"... E uma alegria! So tens ido aos restaurante errados. Aqui na vila de Cascais ate os donos dos restaurante me convidam para ir la jantar ao restaurante para conhecer a familia. Adoro ser bairrista aqui na vila. Ih! Ih! Ih! :)
Quando estiveres no Porto aqui na vila diz e vamos comer uns jaquinzinhos fritos com arroz de grelos. LOL!
Beijinhos e as melhoras!
Ritinha eu conheço muitos restaurantes em Cascais onde ainda se serve assim sim. O que eu digo é que há cada vez menos jovens a seguirem essa arte...
Mas já agora diz-me por favor qual é esse que e parte o bife em Cascais, é que eu moro em Cascais e ainda me mudo para ó restaurante:)
LOL! O que parte o bife e no Porto. LOL! Uffa... Por momentos fiquei com medo de nao poder ler mais o blog... Mantinhas o teu emprego de dia e a noite ias servir a mesa do restaurante, ou so comer os quadradinhos pequeninos de bife escondidinhos debaixo do ovinho.... Yummiee.... Estou a ficar cheia de fome... :)
Beijinhos e boa noite
Isso é tão frustrante como te dares conta que no mesmo cargo, as mulheres ganham menos do que os homens. Não temos tomates, mas temos mamas, na hora de receber deve contar para alguma coisa, não?
É verdade o que dizes e ainda por cima é uma profissão bem paga, sabes? Ganhavam no restaurante da minha ex-chefe aos 750 a 800€/mês, e eu que andei a queimar as pestanas 6 anos para ser Exmª Srª Engª Dª Banita? O mesmo, pois claro!?
Sra. Engenheira Banita da Silva Redol não temos tomates, mas temos mamas? AH AH AH AH
Olha que também há homens com tomates e mamas. Será que é por essa polivalência que ganham mais? É o que eu digo ponham os olhos na Suécia, lá é mesmo direitos iguais.
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