terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Uma História de Partir o Coração

Há várias histórias que me partem o coração, outras há que o reacendem com muita intensidade.
Hoje o meu coração ficou pequeno, encolhido quando da boca da minha empregada ucraniana saiu um desabafo na minha direcção:
- A Ana acha que ninguém vai à festa de anos do meu filho porque nós somos estrangeiros?
Fiquei muda, sem entender muito bem. Ela tem um filho lindo de morrer, olhos azuis do tamanho do céu, cabelos loiros, muito bem educado. É o Miguel que tem 4 anos.
- Ninguém vai à festa dele, como assim?
- Alugámos um espaço muito grande com palhaços, convidámos 30 meninos e nenhum deles pode ir.
Fiquei muda, tentei pensar numa resposta que a aliviasse, mas as lágrimas da mulher de ferro que limpa como uma máquina e nunca falta ao trabalho, roubaram-me o consolo possível.
- Sempre que ele é convidado para uma festinha de anos leva uma prenda boa, não leva porcarias...Eu não sei o que dizer ao Miguel, só choro...
Meu Deus a quem ela foi pedir consolo, só me apetecia abraçar-me à mulher e chorar solidária com aquela dor de mãe que gostaria de poder evitar todo o sofrimento aos filhos.
Eu não consigo acreditar que 30 miúdos tenham uma boa desculpa para não irem a uma festa de aniversário, simplesmente não consigo. Mas disse-lhe precisamente o contrário, que provavelmente teriam um motivo forte para não irem...

20 comentários:

Igraine disse...

O meu coração ficou pequenino, pequenino ao ler este post... :( Se realmente é pelas razões referidas mais uma vez se prova que a estupidez humana é inquantificável...

Beijinhos**

Melissa disse...

Bem, agora fiquei com um nó na garganta também, porque já me aconteceu precisamente o mesmo com o meu irmão: mamãe não estava cá e fui eu que organizei tudo para o aniversário de 7 anos dele, passei horas e horas na cozinha, fiz convites para a turma toda e olha, só apareceram dois.
Ele, menino de ouro e cuca fresca que sempre foi, fez a festa com os dois convidados mais o irmão adoptivo. Eu chorei o dia inteiro de raiva pela falta de consideração - prefiro não pensar que seja por xenofobia, a sério.

Pronto, já abri a choradeira outra vez.

Teresa I. disse...

Bolas... o que dizer... será possível? Mas... que outro motivo poderá haver? São 30 miúdos! Não são 3, são 30! Caramba. Com 4 anos... pobrezinho.

Anónimo disse...

A crueldade dos adultos neste caso ultrapassa a das crianças!

Lamentável!

Enfim, nem que mais dizer!
Lamento muito pelo Miguel!

Lia disse...

Credo... realmente é de partir o coração..de ficar c ele mais pequeno que um bago de arroz!

A culpa certamente não é dos 30 miudos, é dos 60 pais aí envolvidos! 4 anos é muito cedo para se deparar com a crueldade da vida...

Ginguba disse...

Meu Deus! Que triste!!
E se a senhora falasse com a educadora do infantário? Esses pais, se o motivo é esse, precisam que alguém os eduque e os chame à razão!
Os portugueses são um povo emigrante e de imigrantes. Não dá para entender!
Esta história é de facto chocante.

Poetic Girl disse...

Ana isso é mesmo muito triste. As crianças não deviam pagar pela estupidez dos adultos. Não se faz. É mesmo revoltante. Entendo a angustia dessa mãe de ter que dizer ao filho que a festa que lhe planeou com tanto carinho não se vai realizar... fiquei mesmo incomodada... bjs

gralha disse...

Espero mesmo que não seja por isso! Aliás, se foi nesta altura, é muito provável que tenha sido porque toda a gente tem milhares de festas de Natal agora...

G. disse...

Meu Deus... Como é que é possivel?
São miudos. Que raio andam os pais a transmitir-lhes?
Estou mesmo chocada. Quando toca aos emigantes portugueses toda a gente fica sensibilizada... Quando são os imigrantes,esquecem-se que os portugueses também são imigrantes em muios sitios.
Gente mesquinha e tacanha! Coitado do miudo!

Sónia disse...

De partir o coração, mesmo :(
A estupidez das pessoas às vezes parece mesmo não ter limites!

Márcia disse...

Meu Deus!!!

Como é que há gente com tanta falta de educação que são convidados para uma festa e das duas, três não se dignam a responder ou depois de terem dito que sim não aparecem...

É muito triste, mesmo mjito triste!!!

Devia-lhes acontecer o mesmo para perceberem a dura lição!!!

Beijos grandes,
Márcia

PiXie disse...

Ana, agora deixáste-me quase a chorar com esta história... de tristeza pelo Miguel, pela mãe que fez tudo para organizar uma festa tão divertida para o filho, e de revolta por achar que o facto de ninguém poder ír estar provavelmente associado a discriminação. Não pensaria nisso se fossem 3 ou 4, mas 30 crianças não podem ír??? Adorava ter a lista de convidados da festa do Miguel e escrever uma notinha aos papás das crianças, para lhes dar uma lição sobre respeito, aceitação, e eles parecem estar esquecidos que vão privar os próprios filhos de uma festa!?
Que nervos! Olha que estou mesmo a bater mal... :(

Melissa disse...

Eu adorava era conhecer 30 crianças porreiríssimas, levava-as eu.
(Acho mesmo que não seja por racismo, acho que é por uma enorme falta de consideração e sensibilidade. Diz à tua empregada que nesta altura do ano os portugueses enlouquecem e o coitado do Miguel apanhou por tabela. No resto do ano, somos bastante mais sociáveis.)

Ana C. disse...

Meninas eu fiquei muda e petrificada. Atenção, ninguém deixou o miúdo pendurado na festa (isso sim um verdadeiro trauma), simplesmente toda a gente recusou o convite. Horrivel na mesma, bem sei, mas do mal o menos.
O que mais me irrita é que estamos a falar de uma família com mais sensibilidade e educação do que muitas famílias tugas por aí. São pessoas que nunca se queixam do trabalho, que têm instrução muitas vezes superior à dos que os descriminam, enfim, são regra geral "bons imigrantes".
Bem sei que nada justifica o xenofobismo ignorante, principalmente quando se trata de crianças, mas aqui ainda me tira mais do sério...

I. disse...

Que maldade, que horror! :( Como é possível????
(desde que ouvi a história de uma amiga, que contava que o filho foi um bocado ostracizado pelos colegas só porque nas festas de anos oferecia livros - vejam lá a ousadia, o atrevimento! - já nem digo nada. e os pais, os pais, que pais são estes, caneco?)

Precis Almana disse...

Eu trabalho há anos sobre imigração. Não existe, confirmada por eles próprios, discriminação em relação aos imigrantes de Leste, principalmente no caso dessa criança que, pelo nome português que tem, às tantas até já nasceu cá. E nunca ouvi uma história assim.
Em que dia é que a criança faz o aniversário? 24 de Dezembro? 25? 31? O Natal deles não é no dia do nosso e às tantas ele faz anos num dia destes... Assim, é natural que muitas crianças não possam ir - não as 30, claro. E como a maioria não pode, os outros encostam-se ao facto dos amigos não irem e não vão também. Mas não parto logo do princípio que seja por ser estrangeiro.

Precis Almana disse...

Se assim fosse ele nem era convidado; e é, tanto que "dá boas prendas"

Maria disse...

Oh Ana por favor...

Eu nem quero acreditar nisto. Espero sinceramente que aquele menino tenha tido um dia cheio de amor.

bj

Disse disse...

Ando por aqui às voltas, às voltas, páro, encosto-me ao banner, olho para o template e não consigo sequer comentar. Entrou-me uma pedrinha na alma, foi o que foi.

Laidita disse...

Não costumo fazer festas de aniversário ao meu filho, pelo menos com amigos da escola, porque ele nunca demonstrou interesse, mas até fico aliviada. Tenho sempre receio que se houvesse uma festa ninguém aparecesse e isso ia ser horrivel. Aconteceu-me quando eu tinha uns 11 ou 12 anos, ninguém foi à minha festa nem mesmo quem confirmou o convite...