terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Casamento Light

Qual é a chave do sucesso de alguns casamentos que duram uma vida inteira e porque é que outros falharão com uma rapidez avassaladora?
Não me digam que é apenas o amor, porque não é. O amor não resolve tudo, ajuda muito sim, mas não é A solução e o amor também pode ser morto sem dó nem piedade pelo casal.
Penso que a imaturidade com que muita gente entra no casamento, sem saber bem o que é que significa uma vida com outra pessoa, com tudo o que isso tem de bom e de mau, pesa no falhanço. Principalmente numa geração em que o egoísmo e o egocentrismo são cultivados desde cedo.
Penso que é importante partilhar o mesmo tecto antes de se partir para o casamento, pois só conhecemos verdadeiramente alguém depois de vivermos juntos e assim já não nos podemos queixar de grandes surpresas.
Também uma grande dose de esforço, de empenho, de cedências, de construção diária. O casamento não é o fim de uma etapa, mas sim o começo de tudo e se não estiverem os dois na mesma onda, dificilmente o barco se aguentará quando uma das partes não rema.
É apenas uma reflexão de alguém que já viu demasiadas separações acontecerem por falta de empenho e que sente que o casamento simplesmente se banalizou. Hoje em dia as pessoas casam-se e têm filhos como quem vai beber um café...

16 comentários:

EU SOU EU disse...

Surprendente..mas acrescento...que o problema principal...na minha modesta opinião...é a falta de amizade...dizes e bem...que as pessoas casam-se e têm filhos como...mas no meios disto tudo esquecem-se de principalmente serem AMIGOS...é por aí que tudo deve começar..pela amizade...e uma amizade...constroí-se...ao longo de alguns (talvez muitos) anos...não em apenas meses...ou 1 ou 2 anos...e digo AMIZADE...porque a um AMIGO...podemos e temos o dever de puder contar tudo...o que magoa..e o que faz sorrir...

Nina disse...

Pois...uma coisa é viver a separação dos outros, outras é vivê-la.
Em 8 anos que tive de namoro, mais de metade do tempo foi vivido maritalmente. Não tivemos um namoro fácil,pq ele era infiel com a ex, mas nunca me bateu. Quando casámos, houve 5 agressões, cujo motivo era, apenas, o confronto das sms que recia e das noites que passava fora. Não gostou e julgou que queria mostrar-lhe que agora era sua dona. O resultado foram as agressões, o hospital, o instituto de medicina legal, a polícia, o julgamento...
Poderás dizer: pq te casaste? pq pensei que estávamos destinados um ao outro.
Nunca pensei que o cordeirinho que chorava como um bebé e pedia perdão, após cada descoberta de traição, se trasnformasse num monstro e acreditei.
A 2ª relação, com o pai do meu filho, começou 2 anos depois da separação com o ex-marido (conheci-o menos de um ano dp do divórcio) e foi baseada, pensava eu, em muita amizade, amor, uma paixão louca. O resultado foi o final: não aguentou a pressão da vida de casado...as constantes recriminações...
enfim...vidas, que só quem as vive poderá verdadeiramente saber como são.
bj

Ana C. disse...

Eu sou Eu acho que não se pode dizer que há um único problema, são vários.
Mas a amizade é importante sim.

Ana C. disse...

Nina em primeiro lugar obrigada pela tua partilha. Depois como é óbvio não me refiro a histórias como a tua. A ti dou-te os parabéns por teres posto um ponto final numa relação abusiva e infeliz, também é preciso coragem para terminar as coisas quando elas não estão bem.
Eu refiro-me a histórias em que as pessoas saltam para o casamento e para os filhos antes mesmo de se conhecerem.

Ana C. disse...

Nina outra coisa, eu não estou aqui a defender que não deve haver divórcios, nem a criticar quem se divorcia, pelo amor de Deus. Casamentos infelizes não. Só acho que as pessoas se casam como quem vai comprar um par de peúgas e meu Deus têm filhos como quem toma um comprimido e depois andam a carpir mágoas a meio mundo, não se aguentam...

Disse disse...

Ui Ui as manguinhas que se faziam com todo este paninho....

Bem, a realidade é que eu prezo tanto mas tanto o casamento, que ainda sou solteiro. O que vejo à minha volta faz-me lembrar as antigas, e tão sui generis para a época, festas da porca e do parafuso. E parece-me que hoje em dia isso se transpôs para a realidade. Sem verdadeiramente se conhecerem, as pessoas casam-se "para ver se dá", o que interessa é a bela festa e o folclore inerente. Depois se não der, sem problema, divorciam-se e voltam a tentar. A verdade é que já há porcas que fazem colecção de parafusos e parafusos que fazem colecção de porcas. A minha máxima é: Prefiro estar feliz sozinho do que criar a infelicidade de outra pessoa ou ser infeliz a dois.

Lia disse...

eu não sou casada mas é como se fosse! Nem sempre é fácil, às vezes discutimos (senão isto nem era uma relação saudavel) mas ambos estamos dispostos a fazer sacrificios um pelo outro, a dar o braço a torcer e a fazer cedências...enquanto for assim, está tudo muito bem!

Mas concordo com o que dizes num dos comentários: nada de casamentos infelizes! É que vejo os meus pais casados há 30 anos mas só vejo a minha mãe a ceder, a fazer vontades, a sofrer... e isso não me parece nada bem! Sei que ela não é feliz, e sei que faz tudo o que pode para manter aquele casamento...só não acho que valha a pena!

Ana C. disse...

Disse este texto nem me saiu a 100%foi mais um desabafo, mas entendeste na perfeição ;)

Ana C. disse...

Lia este tema dava um blogue inteiro. Eu só falei de pessoas que se precipitam para casamento e filhos com a ligeireza de quem vai beber um café.
Depois temos milhentos tipos de casamento, de situações de comodismo conjugal que davam certamente um debate...

JS disse...

Eu acho que o segredo é casar apaixonado, ter tudo para construir a dois. Nunca se deitar chateado e nunca cortar as unhas na frente um do outro. Comigo resulta há 20 anos...

Um abraço*

Miguel disse...

Eu costumo dizer que com o casamento vem uma enorme dose de abnegação. Se um dos dois não estiver disposto a isso muito dificilmente ele evolui. Ceder é indispensãvel numa relação a dois e, nos tempos que correm, as pessoas não estão muito dispostas a isso. Eu posso falar, vou com 7 anos de casado. E feliz.

Nina disse...

Nisso tens toda a razão e é por isso que muitas vezes me revolto, sabes? Por saber que há quem encare um casamento como uma brincadeira de faz de conta infantil e o banalize tanto.
Quem me dera poder estar com o pai do meu filho...não com aquele palerma que usou e abusou de mim, mas com o pai do meu filho.
Ainda há dias comentava com a minha mãe a sorte que têm algumas mulheres que saltitam de uns para outros, sem o mínimo pudor.
Se eu pudesse, teria um casamento para tda a vida.
Não me posso queixar: tenho um filho lindo, que não sendo do meu primeiro marido, só me pode trazer felicidade (já imaginaste o que seria de mim se tivesse que partilhar o meu maior tesouro com um bruto...uma família de brutos?)
Bji e ob pelas tuas doces palavras.

Eumesma disse...

Olá Ana!!

Tenho andado afastada destes mundos mas quando regresso gosto sempre de regressar ao teu pequeno mundo.
:-)

Bem, não é por falta de amor ou de amizade que um casamento falha, é por falta de respeito, por falta de tolerância.
Imaturidade tb, as pessoas não compreendem o quanto tem que "abrir mão" para que as coisas funcionem , muitas vezes o egosimo sobrepõe-se ao "nós", ou o nós nunca chega a existir..

Há que valorizar o outro, sempre, e valorizar os "nós" enquanto um todo.
Sim, concordo em que se partilhe o mesmo tecto ainda que isso não tenha acontecido comigo, e o resultado foi dos piores.

Há que "querer" estar casado, isso sim, é mto importante. :-)

Bjs

P.S. E sim, existe bastante inconsiência por ai e não é fácil se viver sozinha e mto menos voltar a encontrar alguém..
Portanto há que valorizar quem se tem, o que se tem, always!!! :-)

Eva disse...

Quantas e quantas vezes penso nisto.
Eu considero que não tenho um casamento infeliz...é mais do género de uma corrida de obstáculos!!! Mas quando olho à minha volta chego à conclusão que a maioria das pessoas não aguentaria o primeiro mês quanto mais 10 anos;é verdade que já estive à beira de pôr um ponto final por diversas vezes, é verdade que já vivemos separados alguns meses;e só continua porque temos consciência de que o fulcro dos problemas nos é exterior - mas demasiado próximo - e ao longo dos anos conseguimos ver alguma evolução.
Da minha experiência, mais do que a vivência marital antes do casamento, que na minha opinião serve apenas para o evitar pois eu nunca teria casado se soubesse, se sonhasse sequer, que teria de passar por algumas das situações que se me têm apresentado - e não, não são agressões nem nada que se pareça -, penso que me tem ajudado uma determinada fortaleza interior resultante do tipo de educação que tive, ter tido uma infância, uma adolescência e um princípio da idade adulta com muito de bom, ter conhecido muita gente, pessoas boas, más e assim-assim,ter tido outros relacionamentos em relação aos quais tenho consciência de que, embora vividos intensamente e de forma muito satisfatória não eram "para a vida" (embora os "lados de lá" não pareçam pensar assim, o que não deixa, de certa forma, de nos enaltecer um pouco o ego,o que também faz falta), ter vivido sozinha e, sobretudo, ter progressivamente adquirido a consciência que, numa relação, o importante é que o "dar" seja tão ou mais satisfatório que o "receber"...e saber receber as pequenas, por vezes ínfimas, coisas, aguardando serenamente pelas grandes!
Por fim, é certo que umas "orelhas" amigas e pacientes, capazes de ouvir desabafar aberrações sem catastrofismos, também dão jeito e há que agradecê-las muito!

Precis Almana disse...

Eu não me pronuncio porque o que penso sobre o casamento já tu conheces bem e a consolidação da minha opinião deriva precisamente dessa banalização actual. Curiosamente escrevi hoje um post sobre os meus pais, que comemoraram esta semana 43 anos de casados ;-)

Melissa disse...

Fizeste-me pensar no contrário - até porque tenho uma pessoa de quem gosto muito nessa situação - e quando realmente não dá? Será que vale a pena dar murro em ponta de faca? Não será melhor assumir a derrota para cedo fazer o luto e cedo reconstruir a vida?
São coisas que me pergunto, às vezes. Para mim, só há uma coisa mais preciosa do que o casamento e a família, que é a nossa própria integridade.
Deve ser muito difícil ver onde estão os limites.