Ontem numa repartição pública observava uma senhora de meia idade que conversava animadamente com uma amiga enquanto esperava a sua vez. Chamou-me a atenção, pois do seu pontiagudo nariz escorria um fio de ranho, daquele ainda transparente, não conspurcado por infecção mais grave.
O que faria ela, para onde verteria o pingo, interromperia a conversa? Tudo era suspense para mim que sucumbia ao tédio de 20 pessoas à minha frente. Aquilo era o êxtase de entertenimento no marasmo total da espera.
Já cabeçeava eu, vergada pelas noites de insónia Antonial, quando a senhora decide sacar, qual espada desembainhada sem pudor, de dentro da manga do casaquinho de malha, do lenço de papel húmido e usado, mole, esburacado, repugnante e como se nada fosse continuou a conversa gesticulando com aquela peça na mão, erguendo-a bem alto, ou baixando-a consoante a entoação que dava à própria voz, espalhando micróbios em seu redor.
Imaginei-lhe o pulso molhado pelo ranho guardado, o casaquinho usado e guardado milhares de vezes já carcomido pelo muco nasal e sustive o vómito.
Assoar-se era mentira, já que preferia continuar a agarrar naquele pedaço de papel, ao invés de tentar limpar-se com ele. E quando finalmente leva aquele trapo ao pingo, tentando encontrar um milímetro de papel ainda seco para o fazer, qual não é o meu assombro, quando o amarfanha arranjando espaço dentro da manga para o guardar de novo.
Chiça que nunca entendi a mania de guardar ranho nas mangas, de reciclar Renova Eucalipto com o zelo de ambientalista ranhoso. Alguém me explica por favor? Nojooooooo!!!
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4 comentários:
Aposto que tem no pulso um daqueles elásticos amarelos de repartição púbica para guardar os lenços, o corta-unhas e o porta-moedas :D
Ca noooojo!!
Mas há que louvar o espírito ecológico da senhora! É preciso poupar papel!!
;)
k porcaria nojenta!
beeeekkkkk
Já vi quem o metesse (o lenço) dentro do soutien...
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