É oficial. Não sinto nostalgia pela ditadura.
Não é por não ter vivido essa realidade que não me sinto nostálgica, pois muitas são as vezes que tenho saudades, ou nostalgia de alguma coisa que nunca vivi. E também muitas são as pessoas da minha idade que apregoam a Outra Senhora com voz rouca de emoção, sem nunca terem tido o "prazer" de se cruzarem com ela na vida.
Eu cá gosto pouco de ditaduras. Só o nome me chateia. Alguém que é duro e que dita. Não é para mim, que gosto de ajudar a fazer as regras que me regem, de as questionar, de as poder pensar em voz alta, ou em palavra escrita.
Também sei que a minha querida democracia tem passado muito no meu país, pois o povo desta terra, gosta de ser governado sem dores de cabeça. Gosta que mandem nele. Não está habituado a esta inovação de ter algum poder. A malta por aqui gosta de ter uma mãe tirana, que decida por eles, sem que tenham que pensar. Ir votar é trabalhoso. Desenhar uma cruz, um martírio. Fazer parte do destino de um país é sobre-humano.
Isto também vale para os que abusam deste bonito sistema e se valem dele, para ditarem os nossos destinos, para se encobrirem sob o seu suave manto, para manipularem debaixo do seu véu.
Mas ainda assim, não tenho nostalgia, nem suspiro por sistemas que são duros e que ditam.
A Democracia continua a ser o mais perfeito dos imperfeitos sistemas. Pena é que ainda não tenhamos percebido a melhor forma de o usar.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas