Se antes, quando era muito jovem e muito profundamente profunda, entendia que era necessário sofrer para dar valor à felicidade, hoje, mais para os quarenta, do que para os trinta, acho que, tirando aqueles grandes filhos da puta, ninguém deveria ter que sofrer. É claro que não podemos fugir ao sofrimento, nem negar que ele existe, nem fechar os olhos e esperar que passe. Às vezes é preciso aceitá-lo, suportá-lo, aprendê-lo, conversá-lo, cantá-lo, até. É preciso arrancar dele uma qualquer espécie de filosofia, para não ser totalmente vão, mas necessário? Não me façam rir, quer dizer, chorar. Não é necessário para nada.
Há quem viva horrorizado face à perspectiva do sofrimento alheio, há quem não queira simplesmente ter nada que ver com ele, pois bem bastam as chatices diárias que moem e deprimem. Para quê entrar em vidas que não nos pertencem? Para quê olhar o lado menos bom, se podemos fingir que nada é menos bom?
Tal como eu disse, o sofrimento não é preciso para nada, mas existe e, como tal, não sei fingir que não está lá, nem varrê-lo para debaixo de um tapete imaginário, só para não encher os meus dias da poeira dos outros.
Se ontem vos perguntei por um blogue à séria, hoje deixo-vos a minha mais importante descoberta no mundo dos blogues: Episódios de Rádio.
A Silvina deu-me toda uma nova perspectiva de como lidar com o lado menos bom. A forma despudorada e despretenciosa com que fala de tudo. Sem dramas exacerbados, sem levezas exageradas. Apenas com a grande e singela magia dos humildes, faz com que me ensine a respirar fundo todos os dias.
Parabéns, Silvina. Apesar de, muito provavelmente, não o imaginares sequer, és mesmo uma inspiração.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
7 comentários:
Graças a ti, também tenho lido os Episódios de Rádio. E pensado muito sobre isso. Continua lá a arranjar-nos blogues bons de acompanhar, vá.
Tenho acompanhado a Silvina desde que o descobri aqui, nos teus favoritos. Torço por ela em silêncio e sim também tem sido uma liçaõ de vida para mim!
Muita força para a Silvina!
Como dizes, "o sofrimento não é preciso para nada, mas existe e, como tal, não sei fingir que não está lá, nem varrê-lo para debaixo de um tapete imaginário, só para não encher os meus dias da poeira dos outros." E é por isto que gosto de aqui vir, e gosto ainda mais dos comentários que me deixas nos Episódios. Porque te aproximas, porque te deixas contaminar, porque não ficas à distância nem em silêncio. Tal como é preciso ter coragem para levantar a cabeça quando se sofre, também é preciso a mesma dose de coragem para não olhar para o lado na esperança de não ver esse mesmo sofrimento. Saber que há pessoas como tu, que me aceitam (a mim e ao meu sofrimento) é o que me inspira e me dá esperança que o sofrimento não é (em) vão, que mesmo do pior, piorzinho dos cenários, pode mesmo surgir qualquer coisa de bom. Um abraço daqueles a fugir com o rabo à seringa! ;)
Gralha e Ginguba, obrigada por me visitarem. Um beijinho*
Aprendi a adorar o teu blog em cinco minutos, Silvina.
Leram as palavras da Silvina? Olhem só para isto. A sério, esta miúda é a minha nova ídola :)
Melissinha, também gosto do teu.
:)
Ana C, pára senão eu coro...
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