Tirando a fase da adolescência, em que fazemos todas as maldades e mais algumas ao nosso invólucro, o nosso corpo deveria ser um santuário. Estimado, respeitado,preservado. Se possível, apenas mutilado quando estritamente necessário, para afastar um mal maior sobre ele.
Quem já sujeitou o corpo a tratamentos, cirurgias necessárias, maleitas, tratamentos, sente isso melhor do que ninguém. Sente o cansaço e o desgaste da dor, dos cortes, das cicatrizes na pele e na alma e foge de bisturis como o diabo da cruz.
Por isso, por saber que existem tantos que não podem fugir à cirurgia, a ideia de sujeitar o meu corpo a um bisturi voluntário, a uma injecção na pele, me é tão medonha.
Eu não gosto de hospitais, agulhas, cicatrizes, pontos, recuperações, pois o meu corpo, enquanto me pertencer, é-me muito querido, sim. Sofrer, por mais pequeno que possa parecer o sofrimento, para ter umas mamas maiores, ou uma cara mais nova, não é para mim. Não julgo quem queira resgatar a sua juventude, ou a sua auto-confiança, através de implantes, injecções, liftings, mas eu não conseguiria.
Não tem nada que ver com ser bem resolvida com o meu corpo, ou achar-me perfeita. Tem a ver com o respeito que lhe tenho e com a minha total repugnância pela dor desnecessária.
É claro que há muitas excepções nesta minha teoria, é claro que sim, mas jamais, como defendia o colunável Dr. Angelo Rebelo em entrevista à Judite Sousa, permitiria, ou incentivaria uma ciurgia de implantes mamários a uma miúda de 14 anos.
Que merda de sociedade é a nossa que aceita e acha normal que miúdas a cheirarem a leite, sofram perturbações psicológicas por não terem as mamas da Pamela Anderson e, em vez de as levarem a um psicólogo, as levam a um cirurgião plástico?
6 comentários:
Sabes Ana C, muitas vezes essa pressão vem das próprias mulheres. Quantas vezes não ouco coisa do género "mas eu sou uma mulher de verdade, com um soutien copa D", como se as outras com mamas pequenas, sem copa, menos mamas, não fossem igualmente mulheres.
Mas sim, muitas vezes penso que hoje em dia não teria existido AQUELA Ally McBeal, se não se tem mamas maior que a cabeca não há grande futuro no mundo dos famosos.
Beijinhos
Tirando a episiotomia, nunca um bisturi me lavrou a pele. Mas lavraria à vontade por motivos estéticos, não tenho problemas nenhuns com isso. Mas eu tenho 33 anos, não 14.
Mamas maiores do que a cabeça é uma ideia absolutamente fantástica! AHAHAHAHAHAHA
Eu sou como tu, Ana C.
Até mesmo as tatuagens que acho bonitas (algumas apenas), só pela dor, jamais as faria!
Cirurgias puramente estéticas a miúdas de 14 anos deveriam ser proibidas.
De resto, estou com a gralha.
Antes de mais, muito estranho-e-engraçado, quando fizeste o manifesto de mãe eu e o meu marido tinhamos falado nesse dia sobre esse tema e o que me ri à noite e fiz questão de lhe recitar o teu texto de fio a pavio. Hoje... este foi o tema da hora de almoço... deves ter um escutas lá em casa, ãhhh???
Depois, sempre tive muitos complexos com o meu corpo, peso a mais e danos pelo mesmo facto. Hoje, 3 filhos depois e muitos quilos a menos sinto-me muito bem com o meu corpo, tão bem como nunca me senti, só me falta uma vontadinha para me dedicar à máquina e passadeira que parece que habitam lá em casa para ficar mais firme...
Por ultimo, tenho uma cicatriz das 3 cesarianas, o meu médico é um espanto e mal se nota, há gente que ficou mais marcada com uma apendicite. Fazer uma intervenção, fazia e sei onde, mas ao mesmo tempo acho que não fazia. Como não tenho dinheiro não me vou preocupar com isso.
Em miudas de 14 anos... já vi a CPCJ a intervir por menos, é criminoso!
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