Se ficar é morrer, partamos.
Se viver é ter que abdicar daquilo que nos é confortável, sintamo-nos incómodos. O incómodo será apenas temporário. Tomará do nosso tempo o estritamente necessário à conquista da vida. Da nossa vida.
Se tememos perder-nos, deixemo-nos de temores e ousemos arriscar um novo caminho.
É nos caminhos novos que se descobrem renovadas verdades de nós próprios. É nos caminhos novos que pode bem assistir-se ao milagre do inesperado.
Se é do risco que fugimos, por comodismo conformado dos que nada chamam de diferente, arrisquemos até que faça ferida. A ferida sarará para nos recordar que é possível sobreviver a quase tudo. Menos à morte.
Se já nada nos comove, se já nada nos move avassaladora e irreversivelmente. Se já nada nos impele a sairmos dos limites de nós próprios. Se sonhamos nada, é nada que somos. É nada. E então mais vale entregar os pontos de uma vez por todas. Mais vale o limite da terra sobre o nosso corpo frio e sem vida, do que o limite imposto à nossa inerte alma mutilada.
Sonhemos então que é possível continuar a sonhar.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 mês
4 comentários:
As lágrimas inundaram-me os olhos, pelo texto pungente e tão verdadeiro.
Acho que o vou levar comigo, partilhá-lo, colá-lo num sítio visível para não me esquecer de trilhar novos caminhos e de sonhar.
Obrigada pela partilha!
Que bonito, Ana. Obrigada por nos recordares disso :)
Obrigada meninas sonhadoras.
Excelente texto!
Por vezes começo a sonhar e depois retraio-me... mas não podemos deixar que nos amordacem a nossa capacidade de sonhar e de querer realizar projectos e sonhos!
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