Se eu sou assim e tu és assado, se gosto de azul e tu gostas de rosa, se nada me dizem flores e tu páras em cada recanto florido, se gosto daqueles todos e tu não gostas de nenhum, se acho que não é e tu fincas pé que será, se gosto de partir e tu de ficar, se ambiciono a lua e tu o sol, se sou das manhãs e tu de dentro da noite, se aprecio o cheiro de uma certa rua, que a ti te repudia, se gosto de me perder numa multidão e tu de te quedares quieto na tua solidão, se gosto de gritar quando sei que ninguém me escuta e tu de escutares quando ninguém grita, se nada encontro em pessoas parecidas comigo e tu buscas os teus semelhantes a fim de te reencontrares, se vejo perdão e tu vês orgulho, se vislumbro sombras onde para ti tudo é luz, se sou branca e és negro, se sou assim e tu és assado.
Que raio tem isso agora de importante?
Que tremenda chatice é querer ser sempre igual, sem uma nota que nos distinga dos demais. Que tremenda chatice é não empreendermos o nosso caminho, deixando que se cruze com todos os caminhos alheios, atravessando-os, respirando-os, respeitando-os, vivendo-os como parte do nosso percurso.
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2 comentários:
Olá.
Agora fizeste-me sorrir ao lembrar de um dos diálogos mais originais para um primeiro encontro, da única novela portuguesa que vejo, no qual a personagem diz que deveriamos ser pessoas diferentes todos os dias, sugerindo até que se adote nomes de escritores famosos. :)
Mas na mera realidade dos nossos dias ser diferente não será assim tão fácil. A sociedade nem sempre tolera bem as diferenças, sejam elas quais forem, e serão certamente poucas as vezes em que essa diferença tenha uma conotação positiva.
Faltou-me referir, para concluir, que não é por acaso que o dialogo mencionado é passado num Sanatório, e que a personagem aquem essas palavras são dirigidas lhe responde com um "Ai, mas você é louco!". :)
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