Está menina.
Os cabelos mais compridos, o olhar mais rasgado, o sorriso mais gozão, as pernas mais longas, tudo mais qualquer coisa.
Impacienta-se mais com as minhas particularidades, as mesmas em que nunca havia reparado e faz-me notar aquele tique que tenho, a repetição de histórias que já lhe contei, a minha rabugice.
Está crescida e eu sinto a falta de quando me via apenas virtudes. Sinto falta de gostar um bocadinho mais de mim através do seu olhar, sinto falta da ingenuidade completa que só uma criança pequena possui e que nos faz sentir mais pessoas.
É claro que gosto dela assim, crescida e sempre mais qualquer coisa, mas já não é tão minha quanto era e isso enche-me de uma espécie de vento seco e nostálgico.
Está menina e eu estou com trinta e oito.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 mês
4 comentários:
Oh, sinto tanto isso nuns mesmos 38 anos e sob o olhar de um menino!
Bjs
A Alice está a conquistar autonomia a cada dia que passa, o que é normal, creio eu...
E agora pergunto eu: aos 38 há outra crise?! Estou tramada... já sinto a dos 35 a aproximar-se...
Cada vez que ele me diz espontaneamente "adoro-te" pergunto-me se será a última vez. Vê-los crescer é mesmo uma experiência única e, por vezes, demolidora para o nosso pobre coração de mãe (que é sempre da mesma idade).
Mas ó Cê, também deve ser uma satisfação imensa saber que estás a criar uma miúda boa, bem formada, meiga e preparada para enfrentar o mundo!
Esta coisa de ter filhos deve ser do mais esquisito e ambíguo que existe!
Quanto aos 38... és uma menina!!!
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