Sou só eu que já vomito estas trampas?
Chavões que são fáceis de dizer, mas infinitamente complicados de empreender, frases feitas, que meio mundo parece seguir, publicar e aplaudir, mas que a nós, comuns mortais, nos custam realizar.
Não se preocupem com isso de fazerem tudo na perfeição e de conseguirem viver apenas no presente, sem expectativas e aura budista. Não se preocupem se acharem, de vez em quando, que a vida é fodida, porque a vida é fodida, de vez em quando, mesmo quando não existem verdadeiros dramas sobre nós , mesmo quando, aparentemente, temos tudo para sermos felizes. Não podemos controlar as emoções, ao ponto de não sentirmos um pequeno drama por coisas banais de vez em quando, ou por não sabermos lutar contra o quotidiano instalado, com a pose irrepreensível de tantos endeusados que parecem rodear-nos.
É que isto de ter ligações à internet e ver a vida editada dos outros, em fotografias idílicas e sempre felizes, sobe muito a fasquia. A malta das fotografias felizes tem uma vida normal nas entrelinhas, também chora, também grita com os putos, também se exalta e acha tudo uma valente merda de vez em quando.
Desculpem-se mais e vão andando em frente, com a única certeza de que voltarão atrás várias vezes e que se angustiarão com o futuro outras tantas, porque isso de viver apenas no presente é uma rebarbada utopia.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
11 comentários:
Amen.
Sou toda a favor do positivismo, mas tudo o que é demais enjoa!
E quem disse que um pouco de realismo não combina com o pensamento positivo?!
"É que isto de ter ligações à internet e ver a vida editada dos outros, em fotografias idílicas e sempre felizes, sobe muito a fasquia. A malta das fotografias felizes tem uma vida normal nas entrelinhas, também chora, também grita com os putos, também se exalta e acha tudo uma valente merda de vez em quando."
Não sei se já te disse hoje que és o meu grilinho falante e que te adoro!
:)
A realidade à mão de semear, absorver e aceitar, para todos!
:-)
Estou fartíssima das corridas que as pessoas fazem consigo próprias e com os outros. Da minha, também.
Eu acho bom editar a vida - ajuda-nos a ver que ela também é boa, também tem momentos de revista, e também gosto de me inspirar em boas ideias dos outros - , desde que se saiba que aquilo é APENAS UMA PARTE. Que se aceite isso, que não tome a dita parte pelo todo. E que isso é normal. É mais do que normal, é BOM.
Enfim, o que quero dizer é: devemos usar as vidas editadas dos outros para o bem. Para o nosso bem. Quando o observar da vida editada dos outros incluem dor, sofrimento e uma sensação de insuficiência, como vejo em tantos blogs por aí, é hora de pôr tudo em perspetiva e de nos tornarmos mais espertos.
Porque somos suficientes, caramba. Somos bons.
Já para não falar na necessidade de nos tornarmos uma pessoa completamente diferente. Porra, isso até é um bocado auto-ofensivo.
Muito bem!
Porra, Mel, falou e disse! Agora resta interiorizar a teoria, que é tão linda!! :)
Eu até gostava (muito) de ser mais positiva mas não é lendo dessas frases que o consigo . O que me parece é haver meio mundo a querer mostrar a outro meio uma vida cuja paleta é toda tons pastel escondendo os cinzas, castanhos e afins.
Eu, que digo bem, não diria melhor. ;)
Adorei e estou plenamente de acordo
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