A urgência daquele amor adiado era quase dolorosa. Duas pessoas tão diferentes nos seus percursos de vida, pareciam encaixar na perfeição em tudo o que importava. Alice afastou-se ligeiramente de Artur e olhou-o. O seu olhar molhado pela emoção.
- Quem diria que dentro daquele homem tímido, silencioso, atento, estavas tu. Como é que pude não te ver durante tanto tempo Artur?
Artur sorri, sabe que têm tanta coisa para dizer um ao outro e no entanto, sente que a única maneira que tem de lhe dizer aquilo que sente é apertando-a contra si.
Volta a beijá-la, um beijo terno, sem pressas, que contém tudo aquilo que lhe quer dizer, depois olha-a comovido.
- Mudaste a minha vida Alice. Sinto que todos os passos que dei até hoje foram no sentido de me cruzar contigo. Quando entrei naquele café, quando te vi pela primeira vez, queria desistir, entregar-me ao sentimento de perda em que mergulhava todos os dias. Entrei, sentei-me naquela mesa escondida e vi-te. Sorriste-me, perguntaste-me se estava tudo bem e qualquer coisa dentro de mim quebrou.
Alice sorri, beijando-o com suavidade, volta a abraçá-lo, como se não quisesse perdê-lo nunca mais. Mas Artur já não consegue parar de falar:
- Sentia-me impelido para perto de ti todos os dias, foste entrando na minha vida até te tornares parte dela e, no entanto, nem sabia o teu nome.
- Porque é que nunca me disseste nada? Porque é que perdemos tanto tempo Artur?
- Sei-te de cor Alice, cada pequeno sorriso, cada suspiro de cansaço, cada gesto. Há tanto tempo que te conheço… Mas por algum motivo sentia que assim que te dissesse te perdia.
- Tens consciência que me resgataste de mim própria? Eu devo-te tanto. Sei que tivemos apenas um dia, mas foi esse dia que mudou tudo, que me fez acreditar que era possível. Como é que alguém como tu podia sequer ver-me? Como é que alguém podia interessar-se por uma mulher como eu.
Artur sorri. A realidade é que a Alice que tem à sua frente é realmente uma outra mulher. Passa uma mão sobre o seu rosto. Depois aperta a mão quente dela na sua.
- Ninguém aparece na nossa vida por acaso. Só quero que me prometas que não vais voltar a sair do meu caminho nunca mais. Tudo o que surgir, bom e mau, vamos enfrentar juntos.
- Agora que te encontrei não tenciono deixar-te ir Artur. Mesmo sem te conhecer, foi a ti que sempre procurei…
Alice encosta o rosto a Artur, sentindo o seu cheiro, sentindo-se regressar a casa após uma longa viagem.
Artur envolve-a num abraço e segreda-lhe:
- Quando percebemos que queremos passar o resto da nossa vida ao lado de alguém, só queremos que o resto da vida comece o mais depressa possível.
Os dois beijam-se, desta vez sem pressas, pois sabem bem dentro deles que tudo tem o seu tempo para acontecer. E é como dois náufragos que finalmente chegaram a um porto seguro que se entregam um ao outro.
Suif Shuif, é com saudades que me despeço destes dois e com um grande obrigada ao Miguel por me ter ajudado a trilhar os seus caminhos.
Até à próxima blogonovela!
* Lamento não vos ter dado uma cena de sexo tórrido, mas estes dois mereciam fazer amor na privacidade da história :)
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 5 dias
18 comentários:
Lindo! Como sempre...
Muito bem!!! Sabia que não ias descrever o prazer sexual optando antes pela ligação emocional! Muito bem terminado, sim senhor. Fico com a imagem des suas faces sorridentes, plenas de felicidade e expectativa para a vida nova que agora começa...
Obrigado pela oportunidade que me deste, em escrever lado-a-lado com uma profissional, num registo que não é o meu e que nunca tinha abordado. Espero que tenhas gostado. Eu gostei!!
Beijos!
Rainha Mãe, ainda bem que gostaste da nossa história :)
Miguel, sou uma mulher dada às coisas do coração. O resto é apenas o reflexo do que vai no interior... Começa por dentro e acaba por fora :)
Adorei esta experiência e não penses que escapas de voltar a repetir, qualquer dia destes se te apetecer lançar novo mote, força. Cá estarei.
Bjs
Ana C. Gostei muto. Obrigada por nos brindares com este fantástico desfecho. Ao contrario de muitos, eu nao gostaria que acabasse com cenas de sexo tórrido... Sou uma romantica... O Artur e a Alice ficaram no meu coracao. Que linda história.
Tasha, o prazer foi definitivamente todo meu.
Também sou uma romântica incorrigível...
Sniff, sniff!!
Adorei!
Gosto da maneira como escreves, como retratas os sentimentos e ilustras as emoções através das palavras! É um verdadeiro talento!
Fiquei contente por não teres descrito uma cena de sexo, acho que não ficava grande coisa neste romance, mas achava piada se o próximo desafio fosse menos intenso emocionalmente e mais físico!!
Well done!!
;)
Acho que vou ter saudades deles!!
Ana. Está prometido, mas acho que a próxima novela tem que ser cómica, alucinada e um pouco demente.
Quanto ao resto, muito, muito obrigada. Não imaginas a vontade que tinha de escrever um livro desta história. Vamos ver se consigo sair da letargia...
Letargia?
Gostava de te poder dizer que não sei o que isso é, mas sei, e bem!
Esta cena de trabalhar em casa é uma ratoeira, um doce envenenado.
Anda lá, se eu puxar por ti agora, puxas por mim quando estiver a sentir-me dominada pela apatia?
Escreve muito, sempre, porque juro que poucas vezes li em português um autor que consiga ser tão suave nas palavras e ao mesmo tempo tão preciso. Tenho ideia de que quando escreves, nenhuma palavra é lá colocada por acaso. E isso é um dom. Não é só ter jeito para escrever.
Vá lá, vamos acordar!
;)
buáááá... não houve sexo tórrido... buáááá
LOL
Gostei Ana C. Só fiquei tristinha porque te esqueceste da Maria. :(
Fica para a próxima blognovela!
Beijinhos e obrigada aos dois por nos darem uma história de amor escrita a pares.
banita, a Maria está muito feliz com o filho dela, a tentar reencontrar-se. Não precisa de um gajo para lhe confundir mais o cérebro em recuperação :)
Quanto ao sexo tórrido, vais ter que pedir ao Miguel para desenvolver uma outra novela sexy, já vimos que o homem tem jeito para a coisa ;)
Vou ter imensas saudades deste parzinho romântico, mas bem sei que vão estar ocupados a dedicarem-se um ao outro, que nem dois pombinhos apaixonados. Temos de os deixar seguir o seu rumo, lado a lado. E torcer para que o fã de Nirvana se dê bem com Alice, a mana emprestada. :-)
socas, eles ficam bem. Não te preocupes com eles :)
Gostei bastante de toda a história, muito bem escrita por ambos.. Eu gostei deste desfecho mais emocional, mais romântico, mas o ênfase físico dado pelo Miguel também esteve bastante bem :) Fico á espera da próxima história! Bjs*
Ana não sabia que nos andavas a ler. Fico muito contente por teres gostado :) Bjs
Lindo este final. Acho que acabou muito bem. Sabemos que na vida real a maioria das histórias de amor não acabam assim. Mas isto é novela, vamos lá sonhar um bocadinho, não faz mal a ninguém. Agora vão viver felizes para sempre, vão ter filhos dos dois, ela vai acabar o curso, enfim tudo maravilhoso! Parabéns aos dois.
Mariinha, para vida real já nos basta a nossa, novela é para sonhar um bocadinho :)
Obrigada!
Lindo!
Demorou, é certo. Mas hoje senteime, peguei no portátil e decidi que não sairia daqui sem ler a vossa blogonovela:).
Adorei. Consegui imaginar as imagens que vocês criaram. Em partes diferentes, a vossa blogonovela, fez-me lembrar duas outras histórias: "as palavras que nunca te direi" e "p.s. i love you"!
Foi muuuuuuuuuuuuuito bom, os meus sinceros parabéns!
No fim de ler, qual não foi o meu espanto quando vi o teu último post a informar-nos do "nascimento" de um espaço só para as vossas blogonovelas...
Que bom!
Vou segui-lo fielmente. porque é sempre bom termos alguma coisa que nos faça sonhar, como as vossas histórias.
Boa sorte.
Um beijo
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