terça-feira, 24 de abril de 2012

Dor

Há muitas pessoas avessas a tomarem remédios. Sejam eles xaropes, comprimidos, vacinas, cápsulas de gelatina, efervescentes, injectáveis, supositórios. Preferem aguentar a dor a ingerir esse veneno gosmento chamado medicamento. Elas não gostam, não curtem, não são apologistas e, por isso, aguentam estoicamente a dor de cabeça, ou a azia, ou o desarranjo intestinal, só para não causarem ao organismo virgem o choque do contacto com a droga legalizada. Há quem se recuse a "sofrer" uma epidural, ou quem seja aconselhado a aguentar a dor, pelo bem da humanidade. Pois eu estou longe de ser essa super heroína anti-droga. Se tenho uma dor no dedo do pé e se existir, algures, uma planta rara e tóxica que me alivie a merda da dor, eu estou lá, no topo da montanha a colhê-la com dedicação. Se começa a despontar uma dor de cabeça, que se prevê aguda passados uns minutos, já estou a dar-lhe com o comprimido adquado. Se dizem que a morfina alivía as dores na costura, toca a pedir várias doses e se a epidural é uma barreira entre o meu corpinho e a dor, venha ela, por favor, que eu não nasci para sofrer. Eu quero o alívio imediato, a solução em forma de lamela, a cura milagrosa. Eu quero resolver a questão o quanto antes. Por isso, sou uma conspurcada impaciente, que não gosta do masoquismo implicito à cena de aguentar a dor. Aguentá-la para quê, se existe algures uma droga à minha espera?

8 comentários:

Turista disse...

Querida Ana, hoje em dia parece que está na moda, dizer que não se tomam medicamentos, contra o que quer que seja.
Só se for natural, só se for da ervanária! Não entendo!
Eu sou como tu: doi tem de existir algo que me tire a dor! Pronto!

Rita disse...

Sou impaciente por natureza mas tenho qualquer coisa de mártir no que toca a aguentar as dores em vez de as tentar resolver de imediato.

Melissa disse...

Argh, não imaginas o que sofro com o meu pai e irmão, que têm medo de "ficar dependente". Morrem gordos, ansiosos, mal nutridos e cheios de dores, mas sem nada que venha de fora.

ARGH ARGH ARGH

Eu tomo remédio para tudo. No dia em que criar dependência, tomo um remédio para a dependência.

Ana C. disse...

Rita, eu acho que isso que tens acomete mais de metade da humanidade. Mas que é estranho, é :)
Eu sou como a Melissa e a Turista. Se há droga para isto, venha ela.

Naná disse...

Não sou grande fã de medicamentos é certo, não gosto de os tomar por tomar... mas longe vai o tempo em que me aguentava à bronca durante um dia ou dois, naquela recusa de tomar... mania que herdei do meu pai.
No entanto, no que toca a dores, sou uma medricas pieguinhas que não as suporta. Especialmente no que toca a dentes... basta um leve prenuncio de dor no debrum da gengiva e nem pestanejo, vai logo dose cavalar para as atalhar!

gralha disse...

A última frase da Melissa bate tudo :D

Venham a mim das droguinhas, para isso é que elas foram inventadas.

Gaja Maria disse...

nem mais nem menos!
Gostava de ver uma teimosa qualquer conseguir estoicamente aguentar sem tomar nada para uma enxaqueca de 3 dias, quando os comprimidos com dose de cavalo ao fim de 4 horas perdem o efeito e toca a vomitar e caganeirar.... ele há gente mesmo muita forte....
eu cá, odeio ter dores... :)
mas isto sou eu.

triss disse...

Sofrer para quê, digo eu?
Este tipo de masoquismo é coisa que não me assiste, já tomei muitos medicamentos, inclusivé aqueles que dizem que nos tornam dependentes (uhhh que medo dos ansiolíticos, dos comprimidos para dormir ou anti-depressivos) e nunca fiquei dependente de nada.
Tomei-os quando precisei, ajudaram-me físicamente, para que eu pudesse tratar da parte psicológica. E estou aqui vivinha da silva.