quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Porque nem só de cabrice se trilha o caminho da maternidade

Andei perdida.
Durante demasiado tempo, escrevi apenas para ti. Para que te lembrasses sempre que escrever é o que mantém vivo o nosso amor.
Não cabiamos aqui. Aqui era apenas o meu lado menos triste. Menos sério. E esqueci que o Vontade de Regresso, foi criado para que jamais me esquecesse da importância de ter para quem regressar, quando se parte. As coisas importantes na minha vida, nem sempre se revestiram de facilidade, pois foram coisas do coração e termos que correr por aí, de coração exposto e despido, para que qualquer um possa lê-lo, interpretá-lo, amachucá-lo é difícil. É coisa de grandes pessoas e eu sou uma pessoa pequena, cheia de medos e inseguranças.
Por isso, o meu coração saiu um pouco daqui. Criei um espaço onde escrevia o quanto eras importante, para que soubesses sempre, pela palavra escrita, que eras o meu amor maior.
Depois nasceu o teu irmão e a ponta dos meus dedos desenhou vezes sem fim, palavras para os dois, para um de vocês e de novo para os dois, pois sempre fiz questão de vos envolver dentro do que mais me importava a mim. Dentro das letras que me dizem e que vos descrevem.
Ontem percebi que também vocês me escrevem já.
Tenho as tuas folhas riscadas, guardadas como um tesouro, António.
Tenho as tuas cartas, escritas com a incerteza dos primeiros passos, com os erros das primeiras letras unidas, mas com mensagens determinadas e constantes. Mensagens de amor. E guardo-as dentro das páginas do livro que leio todas as noites, para lhes poder mexer. Dentro das gavetas onde vou diariamente, debaixo do meu pequeno e gasto computador.
Tenho-as sempre por perto, para que possa relê-las e saber-me importante. Saber-me enorme, saber-me merecedora de um amor maior.
Vocês têm sido o caminho mais sinuoso e mais a direito da minha vida.
Vocês são aquilo que importa. E eu hei-de regressar aqui, de vez em quando, de coração exposto e despido, sem medo de amachucá-lo, pois ele bate na mesma e é lamechas, sim. Tão lamechas quanto o coração de uma mãe consegue ser. Mas isso não é necessariamente mau. Isso sou eu.

3 comentários:

Naná disse...

Eu lamechenta, fiquei emocionada ao ler isto!

gralha disse...

Tão bom, tão bom, tão bom.

(E as festinhas com as mãos minúsculas cheias de doce? E os abraços à bruta, cheios de pressa? E o amor entre eles, que se vê nos olhos e no orgulho com que dizem 'mano'?)

Ginguba disse...

Uma das muitas razões pelas quais a vontade de regresso é onde venho diariamente é precisamente essa tua forma de ser mãe. Tu és grande Ana!
E o teu amor de Mãe, quando o pões aqui por palavras, é tão belo que quem te lê sente-o!