Durante muito tempo fui contra os trabalhos de casa das crianças, ponto final. Hoje em dia sou contra os trabalhos de casa na sua vertente excessiva e desmesurada, reticências.
Sempre vi várias mães exaustas, que chegavam do trabalho e ainda enfrentavam resmas de fichas e dúvidas e stress. Já para não falar nas crianças que, cansadas da escola, ainda aterravam numa segunda escola, em casa, onde o tempo seria de descanso e recarregamento de baterias.
Mas chegou a vez de ter uma filha na primária e, se no 1º ano, tudo foi relativamente suave, com TPC's duas vezes por semana, no 2º ano percebo que a Alice tem mais dificuldades em acompanhar tudo apenas na escola.
Trazem trabalhos à sexta feira e só têm que entregá-los na quinta feira seguinte, cabendo-nos gerir o tempo e os horários, sem grande stress, nem quantidades excessivas.
Mas acontece que não tenho uma daquelas filhas prodígio na escola. É um prodígio em milhões de outros aspectos, é certo, e, verdade seja dita, tira sempre muito boas notas, mas neste ano essas notas envolvem trabalho de bastidores e com isso quero dizer, a nossa atenção.
É preciso motivá-la, corrigi-la, empurrá-la para fora da preguicite, típica de uma criança da sua idade, que me pede cromos da Violetta (essa grande pindérica argentina)e se embasbaca em frente do Sponge Bob. Mas é sempre preciso fazermos qualquer coisa mais.
Não basta lançá-la para dentro da sala de aula e dizer-lhe: Aprende! Pois por muitas horas que tenha de estudo acompanhado, esse tempo lectivo em que tentam colmatar dificuldades; há dificuldades que ela só ultrapassa praticando muito, com alguém que lhe preste atenção exclusiva.
Não me venham com as tretas de que têm que ser 100% autónomos, o que é verdade em certa medida e a partir de uma determinada idade, nem com factos consumados relativos a crianças prodigiosas que conseguem cumprir rigorosamente tudo sem ajuda, nem encaminhamento adulto, pois que estes são casos raros.
Sempre soube que isto dos putos é uma grande responsabilidade, que não podemos simplesmente despejá-los do útero e dizermos: Agora cria-te, vá! Brinca aí com isso, dorme aí várias horas seguidas e deixa-me descansar, cala-te aí, que eu preciso de silêncio! Sempre soube que isto dos putos envolve despirmos várias camadas de preguiça e egoísmo. Mas foi com a entrada no segundo ano do ensino básico que me apercebi do verdadeiro grau de responsabilidade da coisa e a modos que me sinto cansada. Não protesto, pois sei que em breve ela será mais independente, mas sei também que a independência passa por uma primeira fase de encaminhamento.
Depois ela ultrapassa aquilo que não tinha entendido muito bem e enche-se de segurança, alegria e quer fazer mais e praticar mais um bocadinho. Depois tira Muito Bons e Excelentes e sente-se segura e confortada, mas foi preciso praticar. É que não tenho milagres caseiros, nunca tive, tudo aqui envolve trabalho. É claro que há brincadeira e tempo livre também, mas não tenho crianças que se criam sozinhas...
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15 comentários:
Os miúdos são mesmo todos diferentes e o melhor que podemos fazer por eles é adaptarmo-nos às suas necessidades. Empatia devia ser uma hormona qualquer que segregávamos desde a gravidez.
Posto isto, sou grande adepta da independência e torço o nariz a esta coisa de os miúdos terem de ser todos quadro de honra. Espero ter o bom senso de me ir adaptando, caso a estratégia faz-te-à-vida-que-eu-estou-por-perto não resultar.
gralha, a tua primeira frase diz tudo. Eu tinha certas e determinadas ideias em relação a isto das notas e do desempenho escolar e agora tenho ideias diferentes.
Não consigo dizer-lhe: Faz-te à vida, quando ela me vem dizer: "Não percebi isto"...
Não faço a mais pálida ideia se este meu caminho é certo, se é inseguro, se é esquizofrénico (altas probabilidades nesta última), mas vou andando conforme me dita o instinto.
Aguardo como será com o António, mas já sei que, sendo eles tão diferentes, terei desafios diferentes.
Para mim faz sentido acompanhá-los nos tpc, porque foi assim que a minha mãe me educou. Posso agradecer-lhe ainda hoje saber a tabuada e a escrever correctamente, bem como a caligrafia bonita (que sempre me foi elogiada)e foi ela que me ensinou a usar um dicionário. Se a minha mãe não me tivesse acompanhado, eu teria lá chegado eventualmente, mas teria levado muito mais tempo, certamente.
Isto tudo para dizer que pretendo, na medida das minhas capacidades, usar a mesma receita, a da minha mãe, com os meus filhos.
Porque muitas vezes nem se trata de eles serem prodígios ou não... trata-se também dos professores que encontram pelo caminho. Falo por mim e falo pelo Filipe, que já teve sistemas de ensino bem diferentes, com resultados claramente díspares...
Pois, Naná, eu espero ficar gravada na memória dela, mas por esses motivos de que falas e não por outros menos didáticos :)
Ana Cê, pode ser que quando eles forem grandes já existam máquinas que permitam eliminar selectivamente memórias menos didácticas... :)
É mesmo cada caso é um caso, o meu filho também tem de ter a "bengala" como costumo dizer, tentamos lhe dar asas, mas quando toca à matemática, é mais complicado.
Não existe receitas, existe o bom senso, vais ver as melhoras de dia para dia.
O 2º ano é um pouco puxado em relação ao 1ºano, basta ter exames finais, e é necessário ajuda em casa para poderem acompanhar a matéria, só os miúdos xtpo’s é que se safam, o meu está agora no 3º e continuamos a ajudar em casa o que ele não consegue acompanhar nas aulas.
A professora é muito exigente, o que é bom, mas trás uma grande carga para casa, para ele estar ao mesmo nível (Bom), temos de ter este esforço diário.
O sistema é mais competitivo, o que não quer dizer que seja melhor, nem acho que o seja, as crianças desde muito cedo começam logo com os nervos dos testes/exames, e nós no nosso tempo não tínhamos nada disto, mas é o sistema e mal ou bem temos de estar dentro deste sistema.
Eu não quero que ela seja a melhor em tudo, odeio esse tipo de competitividade impingida pelas escolas, ou pelos pais. Mas quero que ela dê sempre o seu melhor em tudo, isso sim.
Eu não sou contra os tpc's. Tinha resmas deles quando andava no básico e acho que são fundamentais. Agora que o meu filho anda no 2º ano, não tem tpc's nem às 2ªas nem 5ºas pois passa o dia inteiro com o professor. Felizmente não leva horas para fazer nada mas também foi ensinado, desde o primeiro dia, que quando sai (às 17h30), lancha, faz os "ditos" e a seguir pode brincar até cair "para o lado" e tem corrido bem até agora mas isto sem trabalho parental não vai lá ... e quando digo trabalho parental não significa sentar-me ao lado dele, significa orientá-lo :-)
Eu também não quero, mas vê o teu filho a não acompanhar a pressão, porque é acontece nas escolas, é mesmo pressão, e nós sentimos muito isso no 2º ano, e o teu filho a ter atitudes menos próprias porque se sente frustrado porque não consegue acompanhar o ritmo que é imposto, e até os professores estão mais confortáveis com os bons alunos, com os que não dão trabalho, porque eles não deixam de ter 24/25 alunos, que digamos que não é fácil.
Se eu e meu marido, não tivéssemos uma atitude, tínhamos um miúdo desmotivado (que a professora não tem tempo para todos, porque ela mesmo tem de apresentar resultados) e frustrado, que era o que já estava a acontecer. Por isso tem havido muito empenho da nossa parte, e temos uma criança mais confiante e segura de si.
Se concordo com competitividade nestas idades, até acho parvo, mas é como disse atrás é o sistema e temos de o acompanhar, e já estou como o pediatra diz, as crianças tem de estar dentro da normalidade, temos de trabalhar sempre nesse sentido para não se sentirem nem inferiores nem superiores em relação aos outros meninos.
Odeio escola.
Como diz a Melissinha, odeio escola. O 1º ano do João correu muito bem, agora o 2º está a ser muito complicado. Tem TPC, 4 dias por semana e ele está farto. Eu tenho mesmo que o acompanhar, não porque ele não saiba fazer mas porque, pura e simplesmente, não quer. E ando cansada mesmo muito cansada. Sou contra os TPC nestas quantidades, tendo em conta que o puto está na escola até às 17h30. Mas o que me preocupa é que o sinto muito desmotivado e parece-me que tem a ver com essa competição de que falas, não imposta por nós, mas pela professora que ultimamente acha pedagógico dizer ao miúdo que, por ter uma caligrafia medonha, vai chumbar, ou por lhe dizer que devia ter passado mais um ano na pré. Olha desculpa, deixei-me levar pelas preocupações e exagerei no comentário. Beijos
É engraçado pois aqui na Suíça os profs não podem dar os TPC que lhes apetece. Por lei precisam de deixar 48h para os putos terminarem os seus trabalho (ou seja, nada de TPC para "amanhã de manhã). Se isso é relativamente leve (o Gabriel gosta mesmo da escola e despacha os TPC num instante de maneira que temos que encontrar outras coisas para ele fazer) o pior é que os miúdos aqui por terras dos suíços que n âo querem mais estrangeirada a invadir o país, são triados em duas vias de ensino (profissional e pré-universitário com 12 anos (!) o que implica que os sigamos de muito perto desde muito cedo se não queremos derrapagens...
"Odeio escola" é a palavra que melhor define esta bosta toda :)
Miguel, na escola da Alice têm uma semana para fazer os trabalhos, que não são, de todo exagerados: Uma ficha de português, outra de matemática, outra de inglês. Tudo o que seja: Trabalhos para o dia seguinte, num dia já de si tão preenchido é criminoso.
Olá a todos! Encontrei este blog por acaso, no meio de pesquisas que fiz para tentar perceber se também os outros pais/mães sofriam do mesmo stress que eu relativamente à resma de trabalhos que o meu filho que anda na 2o ano do ensino básico, trás para casa durante a semana e sobretudo ao fim de semana... o meu filho tal como muitos também não é propriamente um menino prodígio, gosta mais de jogar e brincar do que fazer TPC's mas a questão aqui nem é essa, a questão passa pela enormidade a meu ver completamente exagerada de trabalhos que a Prof. manda para o gaiato fazer, só neste fds foram 19 fichas... agora eu pergunto-me... que tempo resta para os miúdos descansarem, brincarem enfim serem crianças? já falei com a professora mas não parece surtir efeito, para ela é normal que sendo uma criança que tem mais dificuldades tenha trabalhos acrescidos, só que não me parece existir grande motivação da parte dela para os "mais fracos" da turma e sinceramente já começo a ficar cansada de remar contra a maré... não sou a única mãe a queixar-me e francamente acho que há aqui qualquer coisa que não bate certo, mas de tanto "reclamar" já começo a ter receio de represálias ao pequeno... alguém passa ou passou por situação semelhante?
TCMM
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