sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sim, Aceito



A mulher que disser que não sonha ser pedida em casamento está a mentir. Ou então ainda não conheceu a pessoa certa.
Eu sempre disse que não queria casar-me, que me bastava viver com a pessoa que amava, sem papéis assinados, sem trâmites legais, sem vínculos formais para além do amor que nos unia.
Sempre disse que as festas de casamento eram apenas mais uma forma de chupar dinheiro aos noivos de tal maneira que os deixava deprimidos por antecipação com o dinheiro que iam gastar no evento.
E depois ser o centro das atenções, vestir-me de branco, entrar na igreja. Nunca, jamais em tempo algum.
Sempre me achei dona desta verdade até ao dia em que comecei a sentir que precisava do passo seguinte. Precisava de serenar, de começar a caminhar na direcção certa. E sim, precisava de um momento que simbolizasse tudo isso e de ter a certeza que era assim tão importante para alguém.
Casámos sem coro de vinte elementos. Apenas uma rapariga ruiva, com uma guitarra que entoou as músicas que nos diziam tanto. Apenas com aqueles que mais amávamos junto de nós. Sem convites em papel de seda extensivos a mil pessoas, sem bandas a cantar apita o combóio. Ninguém teve que ir de fraque, nem usar gravata de cor pré estabelecida. Eramos poucos, mas os que lá estavam importavam. Comoveu-me a expressão do meu pai, o sorriso da minha mãe. Ninguém estava ali por frete.
E agora que olho para trás, para aquele dia naquele farol junto ao mar, onde trocámos as nossas promessas, sinto que não podia ter sido de maneira diferente. A maneira como começámos a nossa família deu o mote para a forma como haveriamos de vivê-la...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

É Impressão Minha ou Temos Clone?




Quem é que anda a copiar quem?
Quer-me parecer que encontrei a diva do Josélito. Era assim que ele queria ser. E de preferência com o David Beckham a tiracolo...

Por Vezes Não o Conseguimos Sozinhos



A música que mais adoro dos U2. A música que tantas vezes me fez chorar enquanto conduzia o meu carro ao som dela. A letra diz-me tudo aquilo que uma letra pode dizer, por isso também te digo a ti:
(...)"Não tens que dar sempre luta. Não tens que ter sempre razão. Deixa-me levar alguns embates por ti esta noite.
Ouve-me agora, eu tenho que te dizer. Não tens que entrar aí sozinho.(...) Lutamos todo o tempo, tu e eu. Está tudo bem, somos a mesma alma (...)"

O que seria de nós sem alguém a quem pedirmos ajuda. Sem alguém que nos estendesse a mão nos momentos mais negros? O que sería de nós sem os outros?
Quem diz que não precisa de ninguém não podia estar mais só em todos os sentidos.
Esse alguém pode ser um grande amor, um grande amigo, um irmão, um pai, uma mãe. Mas tem que ser alguém, porque muitas vezes simplesmente não conseguimos sozinhos...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O Luxo de Poder Adoecer


Dói-me cada pedaço de músculo no meu corpo. De cada vez que me mexo as minhas pernas gemem para que pare. A minha cabeça pesa cerca de uma tonelada. Sinto que dentro do meu organismo se trava uma batalha entre o vírus e os glóbulos brancos que me defendem dele. Mas mesmo assim tenho que pensar que tenho o frigorífico vazio, que tenho que escrever cheia de inspiração, ainda que os meus dedos chiem de cansaço, que tenho que responder às incessantes perguntas da minha filha acerca de tudo e de todos, quando só me apetece lençóis, edredon, chá de limão e mutismo.
Com tudo isto arranco de dentro de mim a capacidade para conduzir até ao supermercado, percorrer os corredores e prateleiras em busca de tudo o que falta cá em casa (e que não é pouco), carregar com os sacos até ao carro e ligar o piloto automático. Era nestas alturas que adorava ter um motorista, uma criada interna, uma baby sitter, tudo aquilo a que tenho direito, mas não tenho...
Quando é que me transformei nesta mulher adulta que não se pode dar ao luxo de ficar doente?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Talk Sex - Ou o Dinossauro que Fala de Sexo


Sábado à noite. Dou voltas na cama, sei que tenho que dormir, pois no dia seguinte é domingo e sim, eu trabalho ao domingo também. Dou mais uma reviravolta, como um croquete a ser revestido por pão ralado e nada de sono. Pego no comando e ligo a televisão (sim, tenho televisão no quarto, o que seria de mim sem ela). Ponho na SIC Mulher. Quem sabe está a dar o Querido Mudei a Casa com os queridos a falarem entre si. Nada melhor para me dar a pedrada que preciso para adormecer. Mas não. Não são os queridos que entram pela minha visão adentro. É este dinossauro. E como se não bastasse a imagem dela, qual tartaruga enrugada por anos de devassidão, eis que a oiço falar. Ela atende um telefonema de uma espectadora que apanha várias vezes o marido a masturbar-se na casa de banho e diz-lhe: Ó minha querida, isso é bom. Porque é que não experimenta entrar quando ele estiver a fazer isso e perguntar se ele quer ajuda?
O QUÊ?????????!!!!!!!!! Mas que T-Rex pré-histórico é este que fala de sexo como se não houvesse amanhã, nem depois de amanhã, nem anteontem? Com as suas mãozinhas no ar a demonstrar como se deve fazer para escorregar melhor, para lubrificar, para demolhar, rebolar, exercitar e sei lá mais o quê que não me atrevo a nomear aqui?!!!! Depois pega em dois bonequinhos de madeira e toca de demonstrar as posições mais favoráveis.
Mas será que alguém a ouve? Ou, tal como eu, depois de a imaginar a ter sexo desenfreado com alguém, ficam com um nó no estômago tão grande que têm que tomar um guronsan para conseguirem adormecer?
Será que algum dia a imagem dela a fazer tudo aquilo que apregoa, me vai abandonar? Ou vai teimar em assaltar-me quando menos esperar e tirar-me o apetite para tudo, mas mesmo tudo?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Banda Sonora da Minha Vida



Princípio dos anos 90. Para mim ele era o rei. Dentro do meu armário tinha um poster das calças de ganga dele com um boné no bolso traseiro e a bandeira americana por trás, que dizia: Born In The USA.
Ainda hoje, de cada vez que oiço esta música fico On Fire. Era capaz de a dançar onde quer que estivesse e provocava em mim uma profunda vontade de fazer loucuras.
Acho que posso dizer que os anos 90 foram os melhores e os piores da minha vida. Mas uma das pessoas que marcou essa altura em que tudo era possível, foi o Bruce.
Por isso Bruce, se me estás a ler, quero que saibas que vais estar sempre aqui nas melhores memórias que tenho de tudo. As tuas letras que contavam histórias, a tua postura de durão dos States, a tua voz rouca e sensual, a tua E-Street Band... Meu Deus, obrigada por teres sido durante tantos anos a banda sonora da minha vida.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Lado a Lado


Se há imagem que me comove sempre é a dos casais de velhinhos.
No restaurante, partilhando uma refeição num silêncio cúmplice. Daqueles silêncios que só são possíveis para quem se conhece tão bem.
Passeando na rua de manhã muito cedo de mãos dadas, não querendo perder um só minuto do dia. Ela detendo-se em cada montra, ele detendo-se ao lado dela. Ele parando para comprar um jornal, ela ajudando-o com o dinheiro trocado.
Os dois apoiando-se um no outro quando é preciso. Ele puxando-lhe o casaco para cima dos ombros, ela apertando melhor o dele para que o frio não lhes provoque desconforto.
Vê-se que os dois não imaginam a vida de outra maneira, pois um mundo onde o outro não exista, não faz sentido. Foram muitos anos juntos a criar filhos, netos, a vê-los partir, muitos anos a assistir à erosão do tempo. Muitos anos em que a única coisa firme, a única coisa que restava quando tudo o resto fugia era o amor deles.
Quando decidi casar tive que responder a esta pergunta interior vezes sem conta:
Imaginas-te a envelhecer ao lado deste homem? E a minha resposta era sempre a mesma: Sim.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Meninos da Mamã


Às vezes penso que se as mães portuguesas tratassem os filhos rapazes de uma maneira menos "maternalista", estariam a contribuir para o crescente sucesso deste país em muitos aspectos.
Porque é que insistem em continuar a dizer: "Deixa estar filho eu faço"; "É só sentares-te à mesa, o jantar está pronto". Ou pior e mais gritante ainda, quando os filhos já passaram dos 30 e ouvem: "Fiz a tua comidinha preferida meu querido, como mais ninguém sabe fazer". O que descodificado dá: "Comidinha desta não te faz a tua mulher".
Ah pois não, não faz. A mulher não põe chouriço, enchidos, não frita batatas por tudo e por nada, não tritura batatas para fazer puré natural, usa cebolas congeladas de vez em quando para desenrascar,não saca de um doce conventual de um minuto para o outro, como que por magia, nem recita o livro de Pantagruel de trás para a frente.
Mas a mãe do menino continua a fazer tudo isto e muito mais até à eternidade, como se quisesse passar a mensagem subreptícia de que na sua casa vai ser sempre melhor, de que o filho, no fundo, jamais deveria ter saído do ninho.
Por favor mamãs de meninos, deixem-nos sair debaixo das vossas asas. Se os amam, se os querem ver felizes com as respectivas esposas, recuem quando não forem chamadas e avancem apenas quando precisas forem.
Criem homens independentes, capazes de tomarem decisões, capazes de fazerem uma refeição por obrigação e não apenas quando se sentem inspirados, capazes de escolherem uma camisola sem precisarem do vosso conselho e, mais importante do que tudo. Criem os vossos meninos de maneira a saberem programar uma máquina de lavar roupa, por favor.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A Falar Nos Entendemos


Porque devemos sempre dizer àqueles que amamos o quanto os amamos.
Porque devemos sempre dar valor àquilo que temos sem termos que o perder para o fazer.
Porque devemos sempre agradecer por o termos é que digo sempre, digo muito.
Os homens tendem a pensar que as acções valem mais do que mil palavras e não deixam de ter razão, mas as palavras importam.
As mulheres adoram pedir que eles as adivinhem sem nada dizerem.
Mas as palavras exteriorizam, as palavras são o que imortaliza aquilo que fazemos. Para quê prescindir delas?
Chega de tentar adivinhar aquilo que o outro sente, numa busca cega por um sinal qualquer que nos dê rumo. Chega de buscar constantemente por aquele olhar, aquela acção que tudo diz. Vamos dizê-lo as vezes que forem precisas. Vamos falar, escrever, declarar até ficarmos roucos. Porque para mim a vida sem o dizer, não é viver.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

As 10 Coisas que Adoro em Ti


1 - A maneira como ainda te ris sozinho com os episódios do Seinfeld, mesmo depois de já os teres visto mais de 100 vezes.
2 - A forma despreocupada como consegues rir-te de ti próprio, mesmo quando as piadas são à tua custa.
3 - Como, depois de uma discussão, te vens deitar e, lentamente enroscas os teus pés nos meus, como pedido de desculpa.
4 - Continuares a dar-me um beijo de boa noite, mesmo quando eu já durmo profundamente.
5 - Fazeres-me rir até ficar com cãibras musculares.
6 - Deixares a nossa filha brincar contigo da forma mais alucinada possível. (Ultimamente deixas que ela te empurre da cama abaixo e finges-te ferido).
7 - A maneira como, mesmo depois de uma reprimenda paternal, te desmanchas a rir quando ela sai da sala.
8 - O gosto que tens em viajar comigo / O medo partilhado de andar de avião vs o prazer da viagem.
9 - Elogiares sempre os meus cozinhados.
10 - Sentir-me segura quando vais ao volante do nosso carro e da nossa vida.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

E Porquê Roma?


E agora porquê falar de Roma? Acho que era uma das únicas cidades onde me imaginava a viver. Primeiro porque tem a luz de Lisboa, uma luz que me faz sentir em casa.
Segundo porque se fala a língua mais bonita do mundo. Em italiano podem insultar-me da forma mais vil que para mim é apenas música para os meus ouvidos.
Terceiro, a comida. Sou uma grande esquisita em termos gastronómicos, mas era capaz de passar um dia inteiro abancada a beber chianti (nem que seja só porque tem um nome bonito) e a comer pasta (e era bem capaz de voltar a fumar).
Quarto a cidade é um museu ao ar livre. Passear por Roma não paga bilhete. E se quisermos pagar bilhete podemos aceder aos artistas mais célebres da humanidade.
Quinto e para atestar que Roma é mesmo uma cidade para se viver. Até o Papa vive lá no Vaticano.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Não Brinques Comigo


No meu tempo eram os pinipons, os playmobil, os legos, os bonecos carecas, os livros do tio patinhas, da Anita, do Petzi. Não havia muita tralha, mas eu era capaz de ficar horas juntamente com a minha irmã a fazer construções de lego.
Hoje em dia vejo as crianças (raparigas) praticamente desde que nascem afogadas em bonecas, apetrechos para as bonecas, roupas de plástico para as bonecas, carros para as bonecas, namorados para as bonecas, cães para as bonecas. Mas pior e mais aterrorizador do que qualquer Barbie da vida são estas Bratz. Com uma beiça de silicone de fazer inveja a uma Manuela Moura Guedes, ou a uma Angelina Jolie. Umas botas cano alto e tacão xxl daquelas que se levam para uma noite desesperada de engate, gabardinas de verniz preto, baton roxo e aspecto sedutor. Mas o que é que é isto?!!!
Já tenho permitido muita coisa que dizia que nunca iria permitir, como o vício do canal Panda, ou pior e mais vicioso ainda, a fixação pelos dvd's do Ruca. Mas nisto eu não vou ceder, nem um milímetro. Nesta casa não entra esta gaja nem que a vaca tussa (sendo que neste caso a vaca é a Bratz)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sereníssima


Apetecia-me voltar a Veneza uma e outra vez, até conhecer cada beco, cada ponte, cada canal, cada restaurante escondido e mesmo assim continuar a perder-me vezes sem conta nas suas ruas estreitas e emaranhadas como veias.
Pode ser grande o reboliço de turistas atarefados com as suas câmaras e máquinas digitais, grande a azáfama do deixa passar, deixa ver, deixa tirar a fotografia do melhor ângulo. Mas há sempre um recanto em Veneza onde não há ninguém. Onde apenas ouvimos as vozes muito ao longe, como num eco que nos suaviza por dentro.Há sempre um local escondido de tudo que nos permite respirar a cidade. Fechar os olhos e deixarmo-nos estar simplesmente sem fotografias, sem perguntas, sem mapas. Apenas sentados a sós com a cidade e a sua pulsação. Viajar é isto. É tirarmos um momento para sentirmos o local onde estamos, para que nunca o esqueçamos.
Das duas vezes que estive em Veneza fiz isto e até hoje, sempre que tenho saudades de viajar, fecho os olhos e volto àquela ponte, àquele dia em que por momentos tudo foi perfeito.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Parabéns Filha


Por muito cansada que me sentisse, tinha que te escrever, porque hoje filha passaram 3 anos desde o dia em que te vi pela primeira vez.
Não eras mais do que uma névoa desfocada pelo meu olhar miúpe e quando te ouvi chorar fiquei à espera que chegasse aquele sentimento avassalador de que falavam tanto, mas não. Não senti nada. Apenas uma vaga ideia de que estava a boiar algures noutra realidade. De que a maternidade não me estava a acontecer a mim.
Depois trouxeram-te mais perto e eu dei-te as boas vindas da única maneira que pude, pois não tinha os braços disponíveis para te abraçar, beijei-te no rosto e disse-te: Amo-te muito meu amor. E era verdade, a mais pura das verdades. Mas continuei sem aquele sentimento avassalador.
Demorou um tempo até me aperceber de que me tinhas mesmo acontecido. Que já não estavas aqui dentro, como parte integrante de mim, mas que pertencias agora ao mundo e que a partir daquele dia, ia ter que te deixar ir sempre um bocadinho. Ia ter que saber recuar quando não fosse necessária, ia ter que saber quando avançar quando precisasses de mim.
Tu foste entrando pé ante pé dentro do meu coração até me aperceber de que tudo na minha vida tinha acontecido para que tu pudesses acontecer.
Parabéns filha!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Meryl Streep


Como começar a falar de quando tinha apenas 11 anos e ouvi a voz dela a sussurrar ao meu ouvido: "I Had a Farm In Africa" e de como essa frase ficou para sempre gravada na minha memória de afectos?
É difícil falarmos acerca de quem gostamos tanto, pois tudo o que dizemos nunca parece ser suficiente.
Se há actriz que me faz chorar apenas pelo tom da sua voz, é ela. Se há actriz que me comove sempre qualquer que seja o filme em que entre é ela.
Depois tem aquela estranha beleza indefinida e intemporal. Não é uma mulher linda, mas tem qualquer coisa que nos cola o olhar à sua imagem sem conseguirmos olhar para quem quer que contracene ao seu lado. Ganha as cenas todas em que entra.
É como uma mãe, alguém a quem poderíamos confiar qualquer segredo.
Para quando uma box com os filmes todos em que ela entrou? Era capaz de gastar uma pequena fortuna só para poder ter em casa a colecção toda...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Histórias Para Crianças Sobredotadas


Sempre tive grande dificuldade em encontrar livros infantis com histórias escritas de maneira a que os miúdos percebessem (pelos menos os miúdos normais, sem dotes especiais) Que não tivessem palavras como "longínquo", "magnitude", "percepção" em livros para crianças de 2, ou 3 anos. Até há bem pouco tempo limitava-me a mostrar as gravuras do livro e inventar eu a história ao sabor da imaginação. Mas irritava-me o esforço que tinha que fazer de readaptar automaticamente o que lia e o que contava. Porque é que simplesmente não escrevem que o Nody estava debaixo do sol, em vez de o Nody está sob um dia soalheiro? Custava muito?
Mas de todos os livros que fui comprando há um que fica na prateleira dos favoritos como uma pérola da literatura infantil. É aquele que vou buscar depois de um dia menos bom, porque sei que nos vai arrancar gargalhadas incontroláveis. A mim e à Alice: "O Ruca aprende a usar o Pote". Para já a palavra pote. Pote de mel? Pote de banha? Não, na realidade é mesmo pote de merda, em português corrente, bacio.
Aqui deixo uma passagem imperdivel deste livro de culto:
"A seguir o papá virou o pote para a sanita. - O meu cocó! Gritou o Ruca, não querendo puxar o autoclismo. Agora o teu cocó vai pelos tubos de água para a terra e vai fazer crescer as plantas e as flores, explicou o papá". Para quê dizer, puxa lá o autoclismo que essa poia já mete nojo e não faças mais perguntas puto insuportável, ou parto-te a boca toda. Não, ele explica que os dejectos vão ajudar as flores a florir! Mas que papá maravilhoso.
Há outra passagem deliciosa em que "o papá apanha Ruca agachado no quarto e pergunta-lhe: Ruca, estás a fazer cocó nas cuecas? Para a próxima tens que usar o pote".
O que vale é que a minha filha já tem sentido de humor e se diverte tanto quanto eu com este livro.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A Aventura da Amizade


Sei que nos afastámos fisicamente. Cada uma casou, seguiu o seu rumo e, a pouco e pouco, fomo-nos deixando para trás. As longas conversas no café sobre o sentido das coisas, sobre se encontraríamos, ou não um amor a sério, sobre o filme que tínhamos acabado de ver no cinema, sobre aquela frase que tínhamos lido num livro e que nos tinha marcado tanto. Os passeios de carro para lugar nenhum, só a ouvirmos música no leitor de cassetes (sim de cassetes, sou desse tempo).
Sinto saudades de me deitar à noite e de me entregar a um daqueles livros de amor, que prendem até à ultima página e acabam com o primeiro beijo, só para na manhã seguinte partilhar as emoções com alguém que ia entender exactamente o que eu estava a sentir. Alguém que tinha lido já o mesmo livro e suspirava pela mesma história que eu.
Sei que ainda falamos por e-mail, vamo-nos mantendo a par da vida uma da outra através do computador. Sei das tuas fraquezas, das tuas aventuras, alegrias, conquistas e derrotas. Afinal de contas, conhecemo-nos desde sempre. Não podíamos cortar assim uma vida inteira de cumplicidade. Mantemos o laço invisível que une duas amigas de infância.
Mas há dias em só queria poder voltar atrás no tempo e sentir-me de novo tua amiga, ser dona daquela certeza inabalável de que, por mais sozinhas que estivéssemos ,tinhamo-nos sempre uma à outra e isso, afinal, era tudo o que importava.
Continuamos a fazer sentido, porque sei que assim que estivermos juntas o tempo não passou entre nós, só por nós.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A Discussão é Assim, ou é Assado


Porque é que estamos sempre prontas a debater o impacto que a cozinha desarrumada tem na nossa relação e eles simplesmente propõe-se a arrumá-la e acabar com a discussão?
Porque é que quando a discussão para nós ainda agora começou, para eles acabou de terminar?
Porque é que adoramos aprofundar até ao tutano enquanto eles se ficam pela superfície das coisas?
Porque é que para nós é tudo, ou nada e para eles um dia é tudo e o outro pode ser nada?
Porque é que quando ainda agora começámos a esgrimir argumentos, cheias de malabarismos intelectuais, para eles é simplesmente ponto final no assunto.
Porque é que para nós há cinzento e para eles há preto e há branco?

Porque é que apesar de um mundo de diferença entre nós, o mundo continua a não fazer sentido sem eles?
Acho que é como diz na imagem: Uma cozinha desarrumada é uma cozinha feliz e um homem e uma mulher nunca hão de ser harmoniosamente arrumados. Provavelmente perderiam a piada toda.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Sentido de Tudo


Adoro mantas de retalhos, talvez por se parecerem tanto com a nossa própria vida.
Cheias de pedaços soltos, de histórias tristes, alegres, sofrimentos, alegrias, paixões, amizades, perdas, ganhos. Tudo o que faz de nós aquilo que somos.
Muitas vezes olho para trás e penso que se não tivesse vivido tão intensamente as coisas boas e as coisas más na minha vida, não teria chegado a crescer.
Só quando olhamos o conjunto, tal como os retalhos todos cosidos, percebemos o sentido de tudo...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Um Homem e uma Mulher Podem Ser Apenas Amigos?



Este é um dos meus filmes de "culto", no sentido que tem os melhores diálogos de sempre. Daqueles que nos fazem sorrir de cumplicidade, que nos fazem chorar de comoção, ou simplesmente de tanto rir. Mas acima de tudo, é um filme que nos põe a pensar.
Lembro-me que depois de ver esta cena, reflecti muito acerca do assunto: Um homem e uma mulher podem mesmo ser apenas amigos?

Postais do Passado



Ainda me lembro de quando viajava e me sentava calmamente numa esplanada a beber um café e a escrever postais. Podiam não dizer nada de especial, mas fazia sempre questão de os escrever. A sensação daquele pedaço de papel com uma fotografia da cidade estampada era como uma lembrança impressa que ficava muito depois de partir. Cheguei a mandar postais a mim própria para mais tarde poder gozar a expectativa de abrir a caixa do correio e encontrar lá aquele bocadinho da minha viagem.
Infelizmente fui perdendo esse hábito e, para mal dos meus pecados, numa das últimas viagens que fiz, dei por mim a entrar nos cyber cafés para enviar mails aos meus amigos.
Teclar em vez de escrever, caracteres em vez de caligrafia, monitores em vez de postais, e-mails em vez de correio postal, cyber cafés em vez de esplanadas.
Quando é que vou voltar a abrir a caixa do correio e encontrar lá qualquer coisa para além de contas?
Estou a pensar seriamente escrever uma carta, com papel perfumado e tudo, a mim própria.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Obrigada Inverno


O que o Inverno tem de bom é trazer consigo a vontade de ficarmos em casa, de fazermos um bolo, um chá, um chocolate quente e vegetarmos em frente à televisão sem grandes complexos de culpa, porque é isso que apetece fazer e é assim que deve ser.
O Inverno traz vontade de família, de edredons de penas e de sopa quente.
O Verão, pelo contrário, traz vontade de esplanadar ( a minha palavra para me sentar numa esplanada e olhar para tudo o que mexe) , de passear no paredão ao fim do dia e de ir jantar fora à beira mar, quando o fresco da noite nos consola o corpo e o espírito.
Ontem à noite quando entrei na sala e vos vi assim a olharem o lume da lareira os dois. Sem dizerem nada um ao outro, apenas a partilharem aquele momento. Agradeci ao frio que fazia lá fora ter-me aquecido tanto por dentro...

sábado, 10 de janeiro de 2009

Diálogo Made In Heaven


Há conversas que têm que ser partilhadas, porque só se ouvem mesmo uma vez na vida...

A minha sobrinha de 7 anos: Sabes, lembro-me muitas vezes do avô Júlio. Lembro-me que ele tinha cabelos brancos e que gostava de andar comigo ao colo.
Resposta: Pois é, ele tinha mesmo cabelos brancos.
Sobrinha: Onde é que ele está agora?
Resposta: Hmmmm... No céu com todas as pessoas de quem gosta.
Sobrinha: E o que é que ele come lá?
Risos
Sobrinha: A sério, não te rias. Quando eu for para o céu não penses que vou comer nuvens.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A Vaga de Frio Polar


Porque é que de cada vez que a temperatura desce se transformam os graus centígrados em notícia de abertura, motivo de reportagens de rua, alertas laranjas e amarelos, debates acesos sobre que agasalho usar durante o dia, abafos durante a noite. Já vi uma repórter de rua atrás de transeuntes apenas para lhes perguntar como tencionavam agasalhar-se nesse dia frio.
Não terão mesmo mais nenhum jornalismo para fazer?
E que tal uma reportagem sobre como é difícil manter uma casa aquecida sem ir à falência? Não era mal pensado.
De qualquer forma aqui está o meu contributo para a informação do país. Como é que eu aqueci uma parte do meu corpo nesta vaga de frio?
Mandei vir umas UGG's directamente da Austrália que lá agora é verão e eles fazem saldos. Não há nada como ter os pés quentes para tudo ficar bem.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Um Cigano em Manchester


Pois é parece que temos notícia para abertura dos próximos 15 telejornais. O Cristiano Ronaldo estampou o seu Ferrari. O que lhe deve ter valido foi ter-se estampado num bom carro, porque se fosse num Fiat Uno (o carro que tem a cara dele na minha opinião), lá se tinha ido o jogador do ano desta para melhor.
E agora um momento para falar do Cristiano Ronaldo:
Para além de ter na sua garagem carros que todos juntos dariam para comprar 4, ou 5 apartamentos em Londres. Convenceu-se que tem pinta para os conduzir, que está ao mesmo nível de um Bentley, ou de um Ferrari e meu Deus, não há ninguém que lhe diga que está redondamente enganado? Que por muita pochete Louis Vuitton que ponha debaixo daquele sovaco, nunca há de perder o ar de ciganito-da-Brandoa que o caracteriza?
Alguém lhe diz que ele não é esse monstro de beleza e estilo que se julga?
Alguém diz à mãe dele para parar de o transformar no maior menino da mamã em toda a Inglaterra?
Alguém diz a essa senhora para parar de interferir na escolha das pretendentes do menino? Alguém diz àquela mulher que Nereidas e Merches é o que ele vai atrair toda a vida porque simplesmente não é capaz de melhor.
Porque por muito que arranje os dentes e decore o casarão de preto e dourado nunca há de ter o que é preciso para conduzir um Bentley.
Aqui é mesmo caso para dizer: Podemos tirar o homem da chungaria, mas não podemos tirar a chungaria do homem.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Amor e Pizza


Hoje fomos as duas almoçar fora. Fomos comer a pizza que mais gostas, fininha e crocante à italiana.
Mas em vez de quereres saltar para o chão, impaciente como é costume. Ficaste bem sentada na tua cadeira, em frente à minha e falaste. Falaste sobre tudo o que te apeteceu e eu ouvi-te, respondendo sempre que me exigias uma resposta.
Depois trouxeram uma pizza cortada em dois e comeste a tua metade com o olhar brilhante e extasiada pela tua parte ser igual à minha.
Eu fiquei a ver-te e a deixar-me consumir pela enorme emoção que é ser tua mãe. Cresceste filha e eu nem dei por isso...
Foi o meu momento de felicidade de hoje e só por ele já veleu tudo a pena...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Licença Para Ser Pai

Num filme que revi há pouco tempo o Hugh Grant dizia para a Julianne Moore: É preciso licença para tudo. Para fazer uma obra em casa, para conduzir um carro, para abrir um restaurante. Porque raio é que não é preciso uma licença para ser pai? Qualquer tipo(a) pode pegar numa criança com um potencial perfeitamente válido e transformá-la num adulto completamente passado, cheio de traumas.
E como isto é verdade...

O Tempo Pergunta ao Tempo

Porque é que quando tínhamos todo o tempo do mundo o gastávamos nas coisas mais fúteis do mundo e agora que não temos tempo para nada, só pensamos nas coisas interessantes que podíamos fazer se tivéssemos tempo?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Amadurecer ou Não

Porque é que a rotina nos consome? Porque é que nos deixamos engolir pela espiral do dia que vem atrás do outro sem conseguirmos reagir?
Porque é que a criatividade dá lugar ao cansaço, o desconhecido deixa passar à sua frente o previsível?
Porque é que deixámos de ousar, de arriscar?
Porque é que o conforto do lar é sempre mais apelativo que o vento no rosto no meio de uma rua qualquer?
É isto amadurecer, ou envelhecer? Não sei se quero, não sei se gosto.

domingo, 4 de janeiro de 2009

A Linha Ténue da Vida

Vi nas notícias que o filho do John Travolta morreu. Tinha 16 anos. E subitamente, aquele actor que dança com a Uma Thurman no Pulp Fiction (naquela que para mim é A dança em cinema), tornou-se num homem mortal, atingível, frágil.
Tornou-se apenas num pai que acabou de perder um filho e apeteceu-me abraçá-lo. Dizer-lhe que não há palavras que se possam dizer, nem gestos que se possam ter que apaziguem essa dor profunda que ele deve estar a sentir.
Sempre que ponho os olhos numa destas notícias, sou obrigada a regressar ao essencial e penso na sorte que tenho por estarmos todos juntos e bem.
Penso que a vida está presa por um fio muito ténue e que perdê-la, não é de maneira nenhuma um exclusivo dos outros...

sábado, 3 de janeiro de 2009

Viajar Sempre

Às vezes acordo com uma vontade imensa de estar noutro país.
De me levantar de uma cama de hotel e descer para o pequeno-almoço continental. Depois sair para a magia que é descobrir uma nova cidade, parar em cada esquina, olhar cada edifício, cada praça, cada rua, sentir os cheiros, ouvir as conversas numa outra língua, experimentar os pratos de uma outra cultura. E por fim, o melhor de tudo numa viagem: Sentar-me numa esplanada. Não precisa de ser central. Basta que tenha algum movimento de rua. Sentar-me ali e deixar-me ficar a "esplanadar", a absorver tudo o que irei trazer quando regressar. Tudo o que me vai enriquecer por dentro. Tudo o que vou lembrar quando as coisas estiverem menos boas.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Aventura do Trabalho


(...) No fundo da nossa consciência colectiva nós acreditamos que o trabalho por si só não se justifica. Quem trabalha é fução, quem entrega com antecedência é ganancioso, quem se esforça é ambicioso. O trabalho só se aceita socialmente quando é absolutamente inevitável.
Um português que trabalhe e seja organizado só se tolera quando é muito pobre (para não ficar pobre toda a vida) ou quando é muito rico (porque não precisa de trabalhar). De resto ninguém trabalha para aquecer. O trabalho é um fado.
Éramos atrasados porque não estávamos para evoluir. Não nos corrigíamos porque não estávamos com paciência. Nunca nos esforçámos muito porque a vida era curta e dura e não valia a pena fazer como se não fosse. Fundámos um Império sobre estes conceitos. Em África e no Brasil vemos civilizações baseadas no nosso deixa andar (...)

Que saudades do Miguel Esteves Cardoso. Quem melhor escreveu sobre a alminha portuguesa com os seus defeitos que eram virtudes.

Por Ti

Por ti deixei de viajar tanto, de dormir as horas todas que queria, de ir as vezes todas que desejava ao cinema, de ver as notícias na televisão sem ter uma vozinha cheia de perguntas ao meu lado e a puxar-me o braço para brincar com ela.
Por ti deixei de poder gozar a minha música enquanto conduzo o nosso carro,pois há sempre uma voz que canta mais alto que a nossa e nos pergunta sobre tudo e todos sem pausas.
Por ti tornei-me numa pessoa mais preocupada com o mundo e com os outros.
Por ti arranco a mais sonora gargalhada, que logo dá lugar a um grito de repreensão.

Mas quando à noite te vou aconchegar na tua cama e ler-te uma história. Quando me ouves cheia daquela atenção que só tu me sabes dar. Eu sei, eu tenho a certeza de que ganhei muito mais do que perdi...

Por Favor, Os Passeios A Quem os Merece



Todos nós temos uma imagem que nos tira do sério de vez em quando. Ultimamente, esta é a minha. Eles estão em todo o lado com os seus donos, ou abandonados pelos mesmos. Com açaime, ou mais regularmente, sem açaime. Mas sem nunca deixarem de se esvaziar nos nossos passeios, ou nos poucos espaços verdes onde ainda podemos levar os nossos filhos. Lá estão eles, como verdadeiras minas anti-pessoal, à espera de uma vítima inocente que as pise.
Se eu pudesse ganhar um euro por cada bosta que já pisei, desconfio que não precisava de jogar no Euro Milhões...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Love Will Keep Us Alive


The Eagles. Sempre que ponho esta música, ou qualquer uma deles, não consigo evitar viajar até aos tempos em que tudo era mais fácil e despreocupado.
As músicas têm a magia de nos fazerem viajar no tempo. É só fecharmos os olhos e ouvirmos que volta tudo com a mesma intensidade...

2008 Sob a Forma de Agradecimento

Apesar de não gostar de balanços, de listas, de retrospectivas e introspectivas de anos inteiros. Tenho que olhar para 2008 e agradecer:
Ter podido fazer aquilo que mais adoro e ainda me pagarem para isso.
A inspiração que surge muitas vezes no meio do caos. Como uma luz que arranjo sempre forma de acender.
Ter a minha família bem e junto de mim.
Ter amor.