Uma das coisas boas de ter ficado bastante tempo no celibato foi ter aprendido a não depender do sexo oposto para pregar um quadro, conseguir abrir uma porta de casa encravada, desenrascar-me com as avarias do carro e cultivar-me até aos ossos. Pois o amor, pelo menos nos primeiros tempos, retira-nos a vontade de nos enchermos com o que quer que seja para além de sensação de enamoramento.
E por aqui andava eu, toda independente e senhora de mim quando me aparece o Hugo. Foi bom ter encontrado alguém com quem dividir a minha vida, só que com ele chegou também a queda do meu parafuso bricoleiro e a inércia de deixar de pregar quadros, de resolver pequenos problemas domésticos, pasmem, até de mudar lâmpadas de tecto instalou-se! Com o amor veio uma espécie de preguiça suprema para tudo o que era supostamente tarefa de macho.
- Ó Hugo o que é que o computador tem?
- Já viste se está ligado?
- Ah bem pensado!
- Ó Hugo quando é que penduras o quadro?
- Tem que ser hoje?
- Dava jeito que fosse ainda neste século.
E assim ia a nossa vida de casal. Eu cada vez menos independente no que tocava a bricolage, ele cada vez mais preguiçoso no que tocava à bricolage.
Mas de todas as coisas que era suposto um macho fazer para proteger a sua fémea a que mais me custou ter que abrir mão aqui em casa foi a da caça ao bicho:
De cada vez que dou de caras com uma aranha grito esganiçada com todas as forças das minhas cordas vocais. Ele corre aflito:
- O que é que foi Ana? Queres-me matar de susto?!!
- Um monstro! Olha aquela aranha nojenta ali, vai buscar um sapato, um martelo, uma caçadeira, um lança granadas, qualquer coisa, mas dá cabo dela!
Quando olho para o lado, estranhando o silêncio, ele já fugiu...
Regra geral é a Alice que vem em meu socorro munida de um sapato. Pobre inocente, já a transformámos numa assassina de aranhas profissional. Ou numa mulher independente, consoante a perspectiva.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
19 comentários:
LOL. Valha-vos a Alice... Corajosa
Cristina
Tu és daquelas que corre da bicharada?
Olha que não diria!
SEJE HOME!!!!
Eu por acaso não sei atarrachar um parafuso numa porca, mas enfrento aranhas e o que mais vier olho no olho.
(Sapos é que não. Tenho sapofobia e começo a suar das palmas das mãos só em ver fotografias.)
É engraçado, nunca tive medo desses bichitos. Já de osgas.... meduuuuuuuuuuuu!!!!!!!!
Eu se tiver alguém que resolva por mim esses problemas bricoleiros também me acomodo e n vergo a mola... :D
Não vejo isso como necessáriamente mau. Se acabas sempre por lhe pedir que faça as bricolages, isso deve significar que contas com ele para tudo. Desde a insignificante colocação de um quadro na parede à muito importante criação de vários quadros na tua vida!
Viva a bricolage!
Aqui tinhas muito por onde gritar que isto é o paraíso das aranhas, há de todas as formas e cores, nunca tinha visto nada assim. Fico meio intimidada, mas, ainda assim, consigo lá ir com o chinelo. Já as baratas... ui começo a hiperventilar de cada vez que avisto alguma, mais do que pânico, tenho enorme pavor, mesmo.
A SOCAS tirou-me as palavras, aqui podias gritar ate ficar afonica.
O que seria dessa casa sem a Super Alice ?!!!
Beijinho.
Cristina eu também quando a necessidade aperta sou uma assassina em série de bichos do campo. Mas só mesmo quando mais ninguém vai lá ;)
Melissa aranhas, centupeias (não sei como se escreve) ah e abelhas. São o meu ponto fraco.
Sabias que os ciganos odeiam sapos?
Kitty outro dia abri a caixa do correio e tinha lá uma osga a refugiar-se do calor...
Daniel eu acho um bocado parvo deixarmos de fazer as coisas só porque vivemos com alguém. Só pode ser preguiça aguda. Mas a tua perspectiva romântica da coisa é de louvar sim senhor ;)
Socas baratas é a fobia do Hugo. Quer dizer a pior fobia de todas... E depois associamos sempre as baratas à porcaria... Ai eu também odeio baratas!!!!!!!!!!!
Mieepe aqui há muita bicharada também. Acredita...
A Super Alice é a minha heroína :)
Ana, Ana, Ana, Ana......shame on you!
Se ainda estivesses a falar de baratas, agora aranhas????? lololol
Olha, se no que diz respeito a mudar as características do post anterior tinha as minhas reticências, em relação às fobias deste género posso contar-te um caso de sucesso: o meu próprio, ex-medricas em relação a insectos e afins. De tanto ver os homens cá de casa a pegar nas aranhas por uma perninha e deitá-las pela janela, convenci-me de que afinal não se viram contra nós e começam a subir-nos pelas pernas a alta velocidade assim que nos aproximamos, minha forte convicção até há pouco tempo!
É engraçado, Ana. Estar numa relação muda mesmo a nossa maneira de estar na vida. Mas não vejo essa mudança como uma perda de independência, autonomia essa, adquirida durante o tempo em que tudo é decidido somente por nós. Vejo mais como uma adaptação de nós próprios a uma vida partilhada. Mas é assim, tanto para vocês, como para nós. E é aí que reside a beleza de tudo isto! Quando resulta, Ana. :-)
Only Words e se eu te disser que parecem tarântulas????
C e se te disser que outro dia adormeci com a mão caída e acordei com uma comichão tremenda na mão provocada por... Uma ARANHA nojenta!!! Elas trepam sim, princpalmente quando estás a dormir. Medoooooooooo
João Pedro eu limitei-me a constactar o facto de que mudamos quando estamos numa relação. No meu caso fiquei mais dependente do Hugo para as pequenas coisas domésticas (menos para matar aranhas). Não disse que era uma coisa necessáriamente má. Tem de facto os seus encantos:) Viver com alguém é isso mesmo abrirmos mão de coisas, não abrirmos de outras. Encontrar o equilíbrio é a chave da harmonia ;)
Voto na mulher independente! LOL
Aqui há muito bichos e são maiores do que em PT! No outro dia vi uma carocha cujo corpo era do tamanho de uma noz!!! Fiquei para morrer e sem reacção, apenas lhe disse para não a matar, porque a minha filhota anda com a mania de matar tudo à pisadela! :S Valeu-me a mexicana que lhe deu um pontapé para bem longe de mim!
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