Lembro-me que no início de cada ano escolar as lojas e supermercados se enchiam de cadernos, dossiers, lápis com borracha na ponta, lapiseiras Pelikan, estojos cheios de gavetas e compartimentos secretos, papéis coloridos para forrar os livros e lembro-me que tinha vontade de começar do zero.
Aquelas folhas em branco dos cadernos, o estojo por estrear, o papel brilhante que forraria o livro de português, ou de matemática, a borracha bem cheirosa faziam-me sempre sonhar com o começo do ano lectivo e até tinha vontade do recomeço da escola.
Olhava o material novinho e pensava que naquele ano tudo seria diferente, estudaria com afinco desde a primeira lição, não teria negativas e seria o orgulho de toda a gente.
Aquilo era coisa para durar um mês inteirinho, até a preguiça e cabulice se instalarem no lugar do frescor dos primeiros dias.
Com o passar dos anos comecei a encarar o material novo sem qualquer expectativa que não a de passar de ano e a vontade de terminar as férias grandes para encarar mais um ano de escola foi sucumbindo à perda da ingenuidade.
Quando leio as decisões para o ano que aí vem, determinadas e audazes, confesso que tenho uma certa inveja (saudável) de não conseguir ser assim, de já não encher o peito de sonhos e o olhar de tudo o que desejo só porque o calendário muda.
Compreendo que continuo a ser a jovem cábula que apenas deseja os básicos.
Este ano, se tudo estiver saudável será um ano e tanto :)
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Há 3 semanas
1 comentário:
É que é mesmo o principal!
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