Dizem que, quando as pessoas morrem, as divinizamos. Ficam perfeitas. Todas as curvas apertadas de carácter se esbatem, todos os erros cometidos em vida se amenizam, todas as atrocidades levadas a cabo se relativizam e aquela pessoa, relativamente intragável em vida, é agora santa.
Dizem que, quando as pessoas morrem, se transformam numa espécie de livro, onde só os capítulos com as passagens bonitas permanecem e são lidos com solenidade.
Eu cá acho que não é nada disso.
Acho que, quando alguém importante parte dos nossos dias, as coisas más permanecem sim. Mas o mais incrível, é que começamos a sentir saudades dessas coisas que tanto nos aborreciam.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 mês
4 comentários:
Acabaste de descrever o que sinto em relação ao meu pai... No meu caso, as coisas más proferidas sobre e contra mim, desvaneceram-se e a sua mera existência é apenas uma sombra no meio de uma vida em que ele me deu muito amor e carinho. Sim, por vezes lembro-me de desaforos e coisas menos agradáveis. Mas às vezes sinto falta dele sempre em cima de mim a pôr defeito em tudo o que eu fazia e a criticar-me constantemente por ser muito impulsiva e arrebatada!
Penso que sim!... Um livro em que os capítulos mais escuros se diluem nas dobras da memória.
L.B.
É isso mesmo. Com as pessoas que morrem e com os amores que morrem.
(olha, e mais vale assim)
Gostei muito deste post... Fiz link no meu blogue, espero que não te importes...
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