Reynaldo Gianecchini diz, numa revista da cusquice, que só conheceu amor e sorriso com o cancro.
Uma qualquer empalitada famosa, afirma na capa de uma publicação cor de rosé moisé, que nada a deita abaixo.
Depois temos todo um conjunto de recém mamãs que saem da maternidade e afirmam, enquanto posam com um bebé sob uma fralda de pano, que os seus filhos são uns bens dispostos e uns paz-d'alma.
Pois eu tenho novidades chocantes para os leitores destas revistas. Novidades que talvez vos pareçam demasiado rudimentares, ou terra-a-terra, mas aqui vão elas.
- Há malta que, efectivamente, fica triste por ter um cancro e que não consegue entender, porque porra é que aquela merda lhe foi acontecer.
- Há mulherio que chora e deprime quando lhe metem os palitos e fica um bocadinho deitado abaixo.
- E a maior parte dos bebés porta-se bem em ambiente hospitalar. Mas deixem-nos só chegar a casa, para verem o que é bom para a tosse.
E pronto, era só isto.
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15 comentários:
Eu continuo na minha. Denial is a river in Egypt.
Mas no caso do cancro, reconheço que denial, the river in Egypt, possa ser uma boa amiga.
Eu entendo que se consiga ver os aspectos positivos, depois de atravessar a tempestade. A sério, entendo e acho muito positivo. Aquela merda pode acordar para a vida, sim.
Mas dar a entender que é tudo um mar de rosas, quando é impossível que seja, pode fazer uns quantos humanos, sentirem-se uma aberração.
É como ver as modelos cheias de photo-shop nas revistas e pensar que elas são mesmo assim, 100% perfeitas.
Bom post!
No caso do cancro, acho que há mesmo uma ditadura do positivismo, em que o doente tem que se mostrar forte, ser sempre guerreiro, vencer o cancro com um sorriso nos lábios. Tem que se encaixar nesse papel senão a sociedade é rápida a condenar. Para algumas pessoas ter cancro é a oportunidade perfeita para reavaliar a vida, e ai encontram um certo equilíbrio e felicidade. Mas terão, de certeza, os seus dias maus, as suas duvidas, os seus momentos de terror indescritível e medo de morrer. So que não dizem. No caso de figuras publicas ainda pior, porque não querem passar a mensagem de medo e desespero; é muito mais nobre passar uma mensagem de sorrisos e amor, lá está, positiva.
[e não, a denial não ajuda ;) ]
Yap, concordo com tudo isso. De qualquer forma, no caso específico da mamãe,a negação fez dela uma mulher feliz e com armas afiadas durante cerca um ano. Depois tudo começou a mudar e a ficar estranho (por causa do river in egypt, não duvido), mas o resistir a olhar para a coisa de frente durante um bom tempo deu-lhe forças.
Coisa de feitio, mesmo.
E depois queres que te contratem como cronista da Caras, sua urubua ;)
Ahahahha e mais nada :-)
Ó Ana C., tu não percebes nada! Isso de perder as forças ou ir abaixo são tons de cinzento, não de cor de rosa pá!
Gralha :D
E que bem falas, querida Ana!!!
Eu que já tive a minha dose do bicho-cancro, não quero repetir! Nunca mais!
Agora vou-me que já estou a engolir em seco.
Beijinhos.
Agora nada a ver: bisou repenicado para amanhã! Muita força e zen power!
:)
Sempre com uma opinião acertada!!!
gosto de te ler!
Para mim o melhor exemplo disto levado ao extremo foi ouvir a Nucha dizer que a melhor coisa que lhe tinha acontecido na vida foi ter cancro de mama... tendo eu perdido a minha mãe nessa luta e tendo visto o que lhe fez e a luta que ela teve para se agarrar à vida, fiquei enauseada. Parece que aquilo foi como um prémio do euromilhões...
defendo que se deve ter pensamento positivo,mas daí a achar que é tudo uma maravilha e que são todos uns poços de força... vai uma tremenda distância!
E quem fala assim, fala acertadamente
E quem fala assim, fala acertadamente
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