Se o divórcio é um mal necessário para muitos casais e, muitas vezes uma libertação de um ambiente hostil que se respirava em casa e nas suas vidas, a verdade é que, muitas vezes, quando existem filhos na equação, conduz a situações ainda mais graves do que as existentes anteriormente.
Perdi a conta a quadros familiares que se transformam em jogos de interesses, tanto para os pais, como para os filhos.
A partir de uma certa idade, os miúdos também sabem como manipular um pai-pós-divorciado. Vão-se passando de um lado para o outro, ao som dos seus próprios interesses e os pais, esses, desesperados pelo amor, pela atenção, por serem os vencedores do seu coração, na estúpida guerra do divórcio, deixam-se manipular, fingem que acreditam que aquela passagem para o seu lado é desinteressada e rejubilam, esfregando na cara do ex essa vitória.
Sempre defendi que deve ser uma luta duríssima, essa de permanecer à tona, de permanecer sereno, quando se sai de um divórcio cheio de feridas, de mazelas (sejamos, também, sinceros) de cornos.
Como é que vou dizer ao puto que a mãe, que me encornou, é uma boa mãe e que ele deve continuar a obedecer-lhe e a olhar para ela como um exemplo?
A sério, haverá tarefa mais dura?
E muitos putos (já mais crescidos, entenda-se), sentindo esta instabilidade, esta fragilidade, saltam para cima de todas as brechas que encontram, tirando proveito e pedindo em troca, exigindo que o seu amor, a sua atenção, tenham uma contrapartida.
Não faço a mais pálida ideia de como manter a saúde de uma família partida em pedaços. Apesar de o tom pedo-psicológico destas linhas, estou a quilómetros de distância de saber a resposta, por isso, talvez o melhor fosse mesmo encontrar uma ajuda profissional. Um piloto experiente que saiba os passos a dar para uma aterragem mais tranquila. Tentar resolver ao som do coração não basta, é que não basta mesmo.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
8 comentários:
O pior é a falta de lucidez associada a estes quadros que leva muitos a dispensarem a ajuda de um profissional, comprometendo assim o equilibrio emocional das crianças e o deles próprios.
As sequelas mais ou menos agudas são incontornáveis.
L.B.
E quantos casamentos se arrastam para tentar evitar isso?
Esse é um cenário que até me arrepia...
Estou na mais pálida ignorância sobre uma forma "saudável" de evitar isso...
Mas a Gralha também levanta uma questão pertinente, que é o oposto. Casais que vivem infelizes em nome do bem-estar dum filho.
É ir do 8 ao 80...
Tanto um como o outro assustam-me à brava!
Pensar num divórcio é aceitar que a vida vai mudar dramaticamente. Pode não ser para pior, mas que é diferente nos detalhes mais estúpidos e insignificantes, é. Muitas vezes é também assumir que se falhou, que se sai derrotado de um projecto que a certa altura fez sentido.
É preciso muita coragem, ter a cabeça bem resolvida e o coração preparado...
Há quase 2 anos estive quase a ver-me nessa situação ...e a única coisa em que pensava era que o meu filho depois não veria todos os dias o Pai.
Dei comigo na praia (isto aconteceu no Verão e eu fiquei sozinha com ele) a olhar para o lado, para as outras famílias, e via os miúdos com os Pais e pensava "será que vou aguentar estar sozinha com ele e vermos os outros com os Pais?" E sentia uma dor ...e quem diz na praia diz em todo o lado...dava por mim sempre a pensar nisso. Entretanto as coisas resolveram-se e cá estamos os 3 mas também tenho noção que somos cada vez mais um caso raro se bem que os meus Pais (e Sogros) estão casados uns há quase 48 e os outros há 45 anos ...
Não sei o que me reserva o futuro e sei que o laço Pai nunca se irá partir mas gostava que o meu filho continuasse a ter ambos os Pais na mesma casa e na vida dele embora seja totalmente contra os casais ficarem juntos por causa dos filhos.
Vamos ver ...
Quem casou em consciência, teve filhos com consciência e partiu para um divórcio consciente sabe que depois disto tudo nada voltará a ser igual. É impossível sair ileso mas é possível permanecer à tona e com serenidade. Não podia ter definido melhor.
bem vou ser muito pouco romantica mas tenho vindo cada vez mais a pensar que estar junto pelos filhos é a melhor razäo que há no mundo para um casal continuar junto. Mas que melhor felicidade é a de ter a certeza que a pessoa que com quem partilho as conquistas diárias dos meus filhos é a a pessoa q no mundo acha genuinamente que isso é interessante (só o pai dos filhos)
Quando se decide ter um filho, ou dois ou três, abraca-se esse projecto juntos e claro que há dificuldades e rotina chata e tudo o que involve ter filhos e tratar disso enquanto ainda se tem um emprego para manter é lixado, a nossa individualidade perde-se durante uns tempos. Mas desistir do nosso parceiro quando nós e os nossos filhos precisam mais deles? näo vejo que seja a solucäo para a felicidade... A näo ser, claro, que a convivencia seja má e ele näo seja um bom pai. Mas agora aranjar outro/a porque já näo havia aquela chama? Acho que säo egoismos...
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