Das minhas quase zero virtudes, saber esperar é uma daquelas que está em constante construção.
Sou sempre a primeira a acabar uma refeição, a primeira a chegar, a primeira a sair da sala de cinema (longe vão os tempos em que ficava estarrecida a olhar para os créditos finais do filme. Eu quero é sair antes da maralha toda), a primeira a ficar pronta, a que toma banho mais rapidamente, a que despacha o trabalho em menos tempo.
Detesto comer uma refeição com alguém que nunca mais termina. Já estou eu a pensar na sobremesa, enquanto o parceiro de comida, ainda vai a meio do bife.
Enfim, sou uma chata do caraças. Detesto deitar-me com a sensação que deixei mil coisas por terminar.
Ter putos ensinou-me a refrear as minhas pressas. Ter que parar a ver o cão sarnento que passa, ou a contemplar uma montra cheia de Hello Kitys, ou Faíscas. Ter que desacelerar o passo, ao ritmo dos passos tão pouco apressados das crianças, que estacam por tudo e por nada e que em tudo encontram fascínio e graça, ensinou-me a arte do freio na minha própria pessoa.
Mas não é fácil, não é mesmo nada fácil.
Só muda alguma coisa quando estou de viagem. Adoro parar, contemplar, engonhar nas ruas, deter-me, perder-me, observar. Como se pudesse parar o tempo e ceder finalmente à vida.
No resto dos dias, ando sempre a tentar ganhar tempo, para depois conseguir parar e esqueço-me que parar também é ganhar tempo.
2 comentários:
idem.
Costumo dizer que paciência foi virtude que Deus não me deu em excesso... e o pior é que quando tenho que esperar por alguém, começo a bufar!
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