Gosto de ouvir as desculpas racionais dadas por quem não partilha a vida com alguém.
Gosto de ouvir as razões construídas por aqueles que defendem que não amar alguém, não é assim tão mau. Nós bastamo-nos, somos tão auto-suficientes, que o nosso amor próprio chega.
Gosto de ouvir que assim não há dramas com tubos de pasta de dentes espremidos pelo sítio errado, tampos da sanita por baixar, ou mau humor matinal.
Gosto de todas essas justificações.
Gosto, porque sei que são como a história do “casamento molhado, casamento abençoado”. São só coisas que inventamos para nos sentirmos melhor. Ninguém gosta que chova no dia do seu casamento, tal como ninguém se importaria de trocar um tubo de pasta de dentes sempre espremido correctamente, por uns pés quentes no inverno, ou um tampo de sanita levantado, por um brinde a dois.
É importante vermos o lado bom de estarmos sós, sim. E ainda mais importante apreciarmos a nossa própria companhia. Mas é fundamental estarmos cientes de que todo o ser humano vive de afectos e que as desculpas que desenterramos para nos sentirmos menos sozinhos, são apenas isso. Desculpas.
Quero acreditar que ninguém nega um grande amor, porque põe em causa a ordem da casa de banho.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 mês
13 comentários:
Se o importante fosse deixar a casa de banho em ordem...!
E não, a chuva no dia do casamento não garante as bençãos...o melhor que se conseguiu foi uma fotografia divertida dos padrinhos!
Há relações em que os problemas não passam de todo por esses pequenos nadas. Tomara que fosse só o tampo da sanita e a tampa da pasta de dentes. Isso para mim nunca foi um problema. Tinha coisas mais graves para relativizar. Há relações em que os problemas que as corroem, vão muita para além das 'futilidades' e egoismos de cada um. E vivesse na ilusão de se ter um grande amor que tudo faz valer a pena.
É um outro lado.
E também há a variante "habituei-me a estar sozinha, a não depender de ninguém, a ultrapassar obstáculos sozinha (depois de meses de esforço)". Não precisar de ninguém assim tão próximo também é uma razão para menosprezar um pouco a vida a dois. Ou isso ou sou uma egoísta sem remédio.
;)
Claro que a auto-suficiência e o amor próprio são o menos mau da condição de solteira. Ninguém escolhe não amar, mas às vezes simplesmente não se ama ninguém. Não é o ideal, mas é o que a vida nos dá, ou nos tira. Muitas vezes o estar numa relação não é sinónimo de amar, e é por isso que troco os pés quentes no Inverno e o brinde a dois por um "eu basto-me" por enquanto e até chegar a pessoa que me sinta que vale a pena. A verdade é que não amar ninguém não é mesmo assim tão mau, duvido que seja o sonho de alguém, da maioria pelo menos, mas quem sofre a sério numa relação de porcaria sabe dar valor ao estar sozinha. Se não conhecer ninguém no futuro continuarei a preferir estar sozinha que na minha anterior relação.
Meninas, eu ouvi alguém dizer, numa entrevista profundamente profunda, que era bom estar sozinho, porque não tinha que se preocupar com o tubo da pasta de dentes mal espremido.
Estar sozinho não é só coisas negativas, claro que não, até porque mtas vezes, não temos opção e é melhor não passarmos a vida a fazer drama disso, mas é muito melhor termos alguém para partilhar o bom e o mau. Agora, dizer que é bom estarmos sozinhos, porque não temos que nos preocupar com tampos de sanita e pasta de dentes, please.
Amar alguém que nos ame e estarmos numa relação que corra bem, é fixe.
Estarmos numa relação merdosa, com alguém que nos faz sentir abaixo de cão, é apenas isso. Uma merda. E claro que é preferível estarmos apenas connosco, mas não deixando de acreditar que é possível amar decentemente :)
Silvina, isso cheira-me a vulnerabilidade negada. Estás a ver como é utópico querermos deixar de ultrapassar a vulnerabilidade...
Eu acredito, eu acredito!
Bem, essa pessoa deve ser uma única no mundo, se é que acha mesmo o que lhe sai da boca para fora. A minha sempre me disse que as relações não são fáceis, e recentemente acrescenta (vá-se lá saber porquê..) que não vale a pena viver sozinho só para evitar essas pequenas coisas do dia-a-dia. Pastas de dentes e tampas de sanita, por si só, são pormenores ridículos quando se fala de amor. Beijinho
Eh pá, a cena da pasta de dentes é bué irritante.
Obrigada. Eu acredito nesse amar decentemente : ). Não o tenho, nem o quero para já, mas acredito nesse tipo de amor companheiro de igual para igual. Por enquanto tenho que reaprender a viver sozinha, obviamente sem que nada tenha a ver com o tampo da sanita.
Enviar um comentário