Não sei como é que é com os outros, mas comigo foi assim, hoje.
Hoje acordei e belisquei-me várias vezes. Depois fui fazer pequenos-almoços, com vontade inexistente para tarefas mundanas e necessidades orgânicas, uma vez que o mundo mais não era do que um suporte necessário aos meus pés pouco precisos.
Voltei a beliscar-me, certifiquei-me que o chão continuava debaixo dos meus pés e que as nuvens continuavam do outro lado da janela.
Fui ver se os meus filhos continuavam aqui e se o mundo não se tinha evaporado para um lugar inacessível qualquer.
Saí de mão dada com o António e fui a ouvi-lo choramingar o caminho todo, mas tudo me soava distante e distorcido. As pessoas que se cruzavam comigo pareceram-me estranhamente normais para o dia que era e fiquei lixada por ninguém partilhar a minha bolha.
Fiz várias paragens. Primeiro no carrinho do Noddy, onde coloquei 1 euro e fiquei a ouvi-lo cantar com a ursa Teresa, depois no urso à porta de uma loja, onde o António fez questão de parar para ter uma conversa inadiável com o bicho. E as pessoas continuavam na mesma, como se nada fosse. Como se o mundo hoje não se sentisse diferente.
As pessoas prosseguiam as suas rotinas, ostensiva e ofensivamente.
Depois entrei, de mão dada com o meu filho, que nada sabe disto de entrar devagar nos sítios e pousei os olhos sobre as prateleiras à sua procura.
E ali estava ele, lado a lado com Os Homens que Odeiam as Mulheres e com mais qualquer título que não vi, pois que tudo se desfocou à minha volta.
Ali estava a minha história, pronta para entrar na vida de toda a gente que quisesse recebê-la.
Ali estava eu. Mas já não era eu. De todo. Era a história, cujo destino me pertenceu um dia, mas agora livre para habitar dentro do destino de alguém.
Por isso hoje foi importante.
Hoje foi um dos muitos primeiros dias importantes da minha vida. Hoje foi um recomeço e os recomeços merecem ser celebrados sempre.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
17 comentários:
Muitos Parabéns.
Deve ser uma sensação muito boa, mas estranha, não? Ninguém te conheceu? Mas vão conhecer.
Beijinho
Luv u bitch. Pensei em ti o dia todo. Se estivesse aí tinha ido cheirar prateleiras contigo, a rebentar de orgulho.
Parabéns!
[nasceu-te mais um "filho" :) ]
Hei-de ler. Leio-te aqui há tanto tempo e só estes dias me dei conta de que tu e a autora era, afinal, a mesma. :)
Parabéns :D
Só me apraz dizer: YES!!!!!!!
Muito sucesso para o novo livro!!! Tenho a certeza que pelo menos um exemplar virá para a Austrália ;-p
Beijinhos
Muitos Parabéns Ana C.! :)
Um beijinho
Caraças. Tantas emoções maravilhosas que vais proporcionar por essas casas fora. Plantar sementes. Inspirar. Que privilégio merecido.
Parabéns :-)
Já não será teu de forma tão íntima, mas vai voltar para ti e a ser de novo teu sempre que ouvires e perceberes o efeito que teve em quem o leu :)
E que venham muitos mais dias felizes assim, de andar com os pés a poucos metros do chão!
Ó, Casaca, queria ter estado lá.
:) Que bom!
(não sei como resististe a chamar as pessoas e dizer-lhes "olhe, aquele livro ali, está a ver?, fui eu!")
Parabéns!
Já pouco falta para nos chegar também às mãos!
Parabéns! :-)
Eu nem tenho mais palavras!
Sinto um orgulho tão grande que não me cabe no peito.
Ontem foi um dos primeiros dias especiais que ainda estão à tua espera.
This is just the biginning!
;)
Parabéns Ana!
;)
Parabéns! Eu vou ler esse livro.
Muitos parabéns Ana!
Muitos parabéns MESMO! Assim. Com todas as letras maiúsculas.
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