O Nuno Markl , com as suas crónicas diárias dos cromos, "roubou-me" praticamente todas as minhas memórias originais dos velhos tempos.
Quase tudo aquilo que me lembro de recordar, o Nuno Markl já recordou.
Mas ainda assim e sem ter pesquisado previamente se existe já um cromo sobre isto, eu tenho duas memórias fundamentais da minha juventude.
Duas recordações que estão mais para tatuagens do que para cromos:
Os cinemas de Lisboa.
O Miguel Esteves Cardoso.
Lembro-me de cada um dos cinemas que existiam em Lisboa e que já desapareceram. E juro-vos, que não consigo proferir os seus nomes, sem me sentir pateticamente comovida.
Vi o Indiana Jones e os salteadores da arca perdida e o Nome da Rosa no cinema Berna.
Never Ending Story no Caleidoscópio.
Rain Man no Apolo 70
The Doors, no Sétima Arte
Dirty Dancing no cinema Alvalade
Jean de Florette no cinema Star
No Quarteto, o Jardim da Alegria com o, então aspirante a namorado, Hugo.
No Ávila, o Império do Sol.
No Nimas, Conto de Verão e o Conto de Outono.
E no Londres, caraças, no Londres vi tudo aquilo que havia para ver. Desde os 3 homens e um berço (versão francesa), ao Braveheart, ao Carros 2, com a minha filha.
O Londres e as suas cadeiras cada vez mais velhinhas, que desciam com estrilho, quando alguém se sentava. A senhora que nos indicava as cadeiras (o que fará ela agora da sua vida?).
O Londres era o meu cantinho de recordações. Um sobrevivente no meio de tantas zons e shoppings e luzes falsas.
O Londres era a minha derradeira recordação e ontem, quando vi nas notícias, uma grade castanha, corrida sobre a sua entrada, chorei por todos os cinemas da minha infância que morreram e me deixaram órfã da magia dessas salas.
Bem sei que vivo em Cascais desde os 17 anos e que aqui também há salas de cinema para chorar (não me venham dizer que o Atlântida Cine também fechou, porque me dá um fanico), mas metade do meu coração estará sempre em Lisboa e assistir à quantidade impressionante de pequenas salas que desapareceram, dá-me na nostalgia de uma forma assustadora.
Quanto ao Miguel Esteves Cardoso. Bem, terá que ficar para outra altura...
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
11 comentários:
Lindo post, casaca.
O Londres, o Londres :)
E os livros do MEC também marcaram a minha adolescência.
O Londres... Não se percebe. Também fui la ver o Cars 2 com os meus filhos. E o caleidoscopio... esteve Verão deu-me uma curiosidade morbida e fui ao Campo Grande ver como é que estava, ui ! E também ias andar nas Donas Elviras com pedais que havia ao lado ?
O Atlântida Cine ainda funciona. Ainda no sábado lá fui! :)
Carla, eu ia andar nas donas elviras muitas vezes, nem sempre coincidentes com as idas ao caleidoscópio, pois morava no Lumiar, relativamente perto ;)
Vera, ufa, que se me saiu uma angústia do lombo!
gralha, se o MEC sonhasse o que significou para mim, com a sua revista K e os seus livros de aventuras na república portuguesa, acho que vinha oferecer-me flores :)
Melissa, és fofa.
Ler as crónicas do MEC na revista K era A epifania semanal, aguardada com ansiedade. O resto do jornal ficava no saco. Tenho as Aventuras na República Portuguesa religiosamente guardadas, lidas e revisitadas vezes sem conta. Parecia que nos lia a alma, o homem.
O Star, na Av. Guerra Junqueiro, onde vi um dos filmes que mais me marcou "Stand by me" :-)
Amo este post. Voces nao conhecem os cinemas da minha infancia,mas tamvem os vi fechar um a um para dar lugar aos multiplexes.salas lindas,do tempo em que ir ao cinema justificava luvas e chapeu.
Mas tenho uma adiçao a lista: clube dos poetas mortos no alfa.
Os cinemas Alfa, meu Deus. Mas eu não ia muito a esses... Eram perto do areeiro, certo?
Sim, o primeiro que conheci em Portugal. Fiquei abismada com o tamanho das poltronas - no Brasil eram das pequeninas desde sempre.
Já agora, fiquei impressionada com o tamanho dos assentos de tudo: autocarros, escolas, salas de espera, etc etc.
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