Como é que é possível ficarem indiferentes a toda a cena do conclave?
A sério. Não há coisa mais fascinante, no mundo das coisas catolicamente fascinantes, para mim. Adoro tudo.
Pudesse eu infiltrar-me e fazer um buraquinho num dos olhos de Adão, na Capela Sistina e ficaria ali a espreitar tudo o que sempre foi negado ao comum dos mortais em geral e às mulheres em particular.
Adoro a especulação em torno do futuro papa e adoro que nunca acertem.
Adoro o mistério de não se saber até ao ultimo minuto quem será o novo papa e de não haver rigorosamente nenhuma fuga de informação.
Adoro quando o novo papa se aproxima do balcão e põe os olhos na multidão da praça de S. Pedro (onde já estive por duas apaixonadas vezes e desejo ir por mais não sei quantas).
Adoro a multidão comovida e as bandeiras e as cantorias e a espécie de paz construída em torno dos olhares que contemplam uma simples chaminé. Adoro tudo.
Não há motivos racionais, nem de fé para adorar, mas a realidade é que me sinto sempre compelida a visitar locais de culto.
Agora vamos esperar para ver a reacção deste papa, quando receber os documentos bombásticos que o emérito lhe vai entregar. Vejamos se não resignará ele também, quando se inteirar de toda a podridão que corre na cúria. Vejamos.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
19 comentários:
Cá estou eu para dizer que sim, é possível viver indiferente ao que se passa em Roma! Tudo o que a minha vida era e tinha antes do fumo branco e do senhor que até foi simpático e mandou os fiéis descansar, continua cá: as páginas por fazer, as dores de tudo, o chão por aspirar... Até as minhas dúvidas sobre a existência de deus continuam a estar cá!!
Cínica, já sei, mas é por isso que o mundo não tomba: não andamos cá todos ao mesmo!
Eu indiferente não fico, porque como católica que sou acredito que lá do alto Alguém nos guia e ama incomensuravelmente!
Por isso acompanho, regozijo e vibro com tudo isto.
E sim, o meu chão também continua por aspirar, o meu filho continua a fazer birras e os dias pesam como qualquer outro, mas desta feita, tenho a esperança renovada, a fé redobrada, para olhar para a minha vida e pôr mãos à obra! :)
Penso o mesmo, não só por ser católica, mas porque aquele "mundo" me fascina. Devoro todos os livros relacionados com esse assunto.
Um beijinho
Fui praticante toda a vida. Catequese até ao Crisma, catequista após o Crisma. Quando entrei no mundo da maternidade parei. Parei tudo. Inclusivamente ainda não casei pela Igreja, só pelo Civil.
Hoje em dia, Acredito mesmo que Deus existe, na forma que lhe encontrei, no modo como JÁ consigo falar com Ele. Em relação à Igreja em si, estou cada menos mais afastada e menos crente. É só uma instituição feita por Homens que, para mim, deixa muito a desejar.
Em tudo o que se passou nos últimos dias, só me pararam as imagens dos fiéis na Praça, á chuva, e aquele olhar cheio, cheinho de Fé, as lágrimas,a devoção. Um patamar/estado/ o que seja ao qual não sei se algum dia chegarei. Há pessoas que têm uma Fé profunda, mas mesmo profunda, que vivem fielmente os mandamentos (não os 10, mas o que Manda a Igreja). E não sei se as invejo, se tenho pena... Mas é pena quando chegam ao ponto em que não questionam nada, seguem as "ordens" de homens que, Papas, Bispos, Padres... são apenas homens e não Deus...
Eu assisti a tudo, de ferida no nariz, a tossir e a assoar-me e depois ainda tive que ir dar banho aos putos. Pois claro está, que continua tudo na mesma. Há quem goste dos óscares, há quem vibre com a Moda Lisboa, eu gosto do conclave :)
Caríssimas pessoas de fé, ou não: Eu "gosto" do governo de homens do Vaticano, dos rituais da Igreja. Daquele pequeno e poderoso estado, dentro de uma das cidades mais eternas e bonitas do mundo.
Também gosto de ver os crentes, cheios de energia renovada. Respeito-os, apesar de ter plena consciência de que aquilo é um estado e um governo, feito por homens, com grandes falhas e carências profundas de mentes femininas no seu interior.
Eu gosto disto além-fé. Entendem? Acho fascinante e misterioso :)
Eu se calhar sou influenciada pelos próprios comentadores... e depois enervo-me e parece-me tudo uma palhaçada... Para a próxima tiro o som...
Se bem que acompanhei grande parte pela TSF e ouvir "olha agora uma gaivota,s erá um sinal?" "estão 2 fatos à espera do Papa, vestirá o que melhor acentar no seu porte", ou "se for franciscano poderá voltar aos paramentos castanhos e não brancos, que demonstram mais proximidade aos necessitados"...
Olha, já não consigo ter esse deslumbramento, nada me deslumbra, estou fechada para o mundo! :)
Se bem que estavam a contar no trabalho que a Fátima Campos Ferreira disse "a multidão regurgitou" em vez de rejubilou, o que deve ter animado a coisa! :)
AHAHAHAHAHHA, ouvirdizer, a gaivota cruzou os céus, será um sinal? Esperem, ela defecou sobre a praça, será um sinal? AHAHAHAHAHA
Estás uma mulher embrutecida pelo campo :)
Eu sou católica, à semelhança da ouvi dizer, mas casada pela Igreja, com filho baptizado e participo activamente até hoje e mesmo aqui, já que me encontro a viver no Reino Unido.
Contudo tenho plena consciência que a Igreja é feita de homens, com muita política, jogos de poder e injustiças, algumas invisíveis aos nossos olhos, outras nem tanto.
Admiro o Conclave e a eleição do Papa, pelos rituais que envolve, pelo rejubilar da fé de cada um que acredita, mas se formos estudar ao pormenor as poucas informações existentes sobre este procedimento e tantos outros ao nível da Instituição secular que é a Igreja, veremos que nem tudo "fumo preto ou branco", infelizmente.
Mas a verdadeira essência da Fé, reside no amor ao próximo e a Deus e é nisso que eu piamente acredito...
Antes de mais, deixa-me ressalvar que respeito as crenças dos demais, tenham elas a raiz que tenham. Cada um acredita naquilo que quer e bem entende e isso eu não questiono.
Mas para ser absolutamente sincera, ainda bem que o Conclave acabou depressinha, porque eu sinceramente não vejo qualquer fascínio numa eleição de pessoas que pregam uma coisa mas depois praticam outra.
Fui educada na fé católica e fui praticante e assídua na missa até aos 16 anos, altura em que a minha mãe definhou lentamente durante 6 meses enquanto rogava a Deus que lhe aliviasse as dores. Coincidiu com essa altura uma visita minha a Roma, onde vi o João Paulo II dar missa ao domingo, entrei na Basílica de S. Pedro, mas principalmente percorri a Sala do Tesouro, onde há ouro e pedrarias para matar a fome ao mundo 50 vezes...
Isto tudo combinado resultou num agnosticismo que foi crescendo e se sedimentou em mim...
Por isso, sinceramente não percebo tamanho "barulho" em torno da eleição de um homem que vai comandar uma Igreja que ficou parada no tempo, que não aceita contraceptivos, não reconhece o papel fundamental das mulheres, que não admite uma série de outras coisas que são perfeitamente normais nos dias de hoje.
Tenho a minha própria fé, mas a minha relação com Deus é demasiado conturbada... e como tal, não vejo encanto nenhum no Conclave e por estes dias andei deliberadamente a furtar-me a todas as peças noticiosas sobre o tema!
Naná, eu não sinto indiferença nas tuas palavras. A igreja mexe com você :)
É-me indiferente sim.
Acredito num Deus único, marvilhoso e universal que vive dentro de cada um de nós.
Venerar um homem? Não me parece...
É-me indiferente sim.
Acredito num Deus único, marvilhoso e universal que vive dentro de cada um de nós.
Venerar um homem? Não me parece...
Podes crer, Ana C., embrutecida de todo.
É que aqui tudo se sabe, tudo se vê e, convenhamos, as pessoas ligadas á Igreja (a enorme maioria) de boa, cheia de Fé ou que ame o próximo, como bem refere a Guerreira que devia ser, não têm nada...
Eu própria nos anos de catequista fui tão pecadora... e não tinha a Fé que tinha hoje, mas gostava de ser muito bem vista, tão linda, a catequista...
Porque isto aqui, como dizer... desmotiva... só para terem noção uma pessoa que conheço outro dia foi á missa e ao fim de 15 minutos estava em casa. Quando lhe perguntaram "já?" ela respondeu: "a fazer leituras estava a prostituta, a tocar piano, o anti-cristo, não tenho paciência para isto...". Ahahahahahaah
Ana Cê, sim, a Igreja mexe comigo e muito...! Porque pregam uma coisa e depois fazem outra completamente diferente...
Eu cá só acho piada ao conclave :)
O tapete vermelho dos conclaves é sempre uma merda.
Eu cá entendo perfeitamente o fascínio. Para dizer a verdade também sinto fascínio por tudo o que não me é dado a conhecer, seja do submundo, ou, como neste caso, do sobremundo. Independentemente da minha fé, o que me comove de sobremaneira é a fé dos outros. Comoveu-me a alegria daquela multidão imensa, quando por fim tiveram a notícia de que tinha sido eleito o seu líder espiritual, mesmo ainda antes de saberem quem era. São mais felizes as pessoas que têm fé, verdadeira fé, exposta e assumida.
Cat. é exactamente isso!
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