Tirando alguns finais de tarde mornos, em que me perco em brincadeiras absurdas com os miúdos, a praia cansa-me e vou apenas por obrigação familiar.
Não entendo o fascínio que move milhares em direcção aos areais escaldantes, férteis em fungos e beatas de cigarro enterradas.
Tudo isto se amplia, quando me chegam à memória imagens de armação de pêra, em dia de calor sufocante, com cada centímetro de areal ocupado por rabos peludos, mamas besuntadas de creme, marmitas, gritos, bolas a serem chutadas sobre corpos deitados. Enfim, um areal inabitável, mas cheio de pessoas cuja ideia de descanso era aquilo.
Nada me dizem as filas, a procura de lugar para estacionar, o sol fervente, os 34 graus, o estar de papo para o ar, enquanto se trabalha para o melanoma, só para depois ir refrescar ao mar, zerando assim todo o processo e criando nova vontade de torrar.
Se tivesse que usar o meu direito à greve, conseguiria imaginar, pelo menos, 10 coisas mais interessantes para fazer do que ir torrar para o areal, mas o que é que se pode fazer, a praia exerce um fascínio quase afrodisíaco sobre a maior parte dos portugueses e imagino que seja por isso que os países mais desenvolvidos sejam aqueles onde há menos dias de sol.
Lembro-me, quando visitei Estocolmo, do brilhante dia de sol que nos recebeu e de ter visto, em plena hora de trabalho, a malta toda de calças e mangas arregaçadas em cada pedaço de relvado da cidade.
Um sueco em Portugal faria greve todos os dias.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
8 comentários:
Ah, a praia tem que se lhe diga!
Mas se eu, uma adoradora confessa de praia e água, tivesse que frequentar Armação de Pêra e as outras do género, em pleno Verão, era mais que certo que pensava como a Ana! lol
Felizmente ainda é possível encontrar praias, no Algarve, sim, onde ainda é possível estar Bem.
Tão bem.
Com um bom livro para ler e com a companhia certa, é um Adeus garantido ao stress!
Soneca, eu só aterrei em armação de pêra uma única manhã por acidente. Costumo passar férias no Alvor, com um areal bem mais amplo e desafogado ;)
Já não sei o que é praia com um livro e descontração há anos, pois tenho que estar sempre a tomar conta das crianças...
Praia é dever de mãe, mais nada. Mil vezes o sofá com ventoinha.
Apesar da ventania gosto muito de S.Jacinto porque mesmo em pleno Agosto é calmo calmo calmo :) Não preciso de estar a levar com umas mamas na direção dos olhos nem nada do género. Também é pena ser impossível tomar banho, mas já se sabe que se eu levar um livrinho até me esqueço do mundo :)
Estou com a Melissa. Isso, ou uma rede presa entre duas árvores de fruto, com uma brisa.
Armação de Pêra é a encarnação de horror de praia, até para qualquer algarvio!! E detestando praia de areal gosto e adoro praia de falésias, mesmo com água mais gelada! E torrar ao sol é coisa que nunca me cativou...
Ohhhh, a cidade, a cidade. Não percebo o fascínio das pessoas com a cidade quando vou a Olhão e aquilo é só um cheirete a peixe podre no meio das ruas desindustrializadas cobertas de grafitti.
Ohhhh, o campo, o campo. Não percebo o fascínio das pessoas com o campo quando vou às colinas de Chelas apanhar caracóis e tropeço nas seringas.
Ohhhh, a floresta, a floresta. Não percebo o fascínio das pessoas com a floresta quando vou fazer piqueniques para a Fonte da Telha e tenho de pedir licença às outras centenas de pessoas (que levaram toda a mobília de casa para a natureza), de modo a conseguir um cantinho onde sentar o rabo e comer uma sandes.
End soion, end soion.
Não precisas de ficar a torrar ao sol se ficares à sombra debaixo do guarda~sol (já não digo ler um livro) :)
E fazer bolos e castelos de areia na linha d`água é "ver a praia" pelos olhos dos mais pequenos e ficarmos todas cagadas com areia até aos cabelos também é muito destressante :)
Odeio praias abarrotar, quando estendes uma toalha ficas a cheirar os pés do vizinho, tipo Carcavelos, S.Pedro, Parede, ao fim de semana com maré cheia.
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