Hoje decidi ter saudades (imaginem que estupidez) das minhas aulas de condução. De ir a partir ovos na Estrada do Guincho com o Fernando (o meu inesquecível instrutor que fazia vénias de cada vez que travava a fundo) e a sentir-me a um paço da idade adulta. Ter carta era definitivamente um marco na vida de uma adolescente e tirar a carta em Cascais era outra movida. Sem trânsito caótico, apenas muitas rotundas, com muito espaço pela frente e por trás. As aulas de condução eram um prazer.
Depois veio a carta de mota e com ela outro instrutor. As aulas eram para cumprir calendário e o senhor que fazia o favor de andar pelas ruas comigo atrás num carro, estacionava a carripana, entrava na tasca e deixava-me a fazer oitos.
Passados cinco minutos de ininterruptos oitos e pronta para entrar na twilight zone, metia prego a fundo e passeava pelas redondezas, vendo as vistas, cantando o vira e passando o tempo que durava a suposta aula em voltinhas estupidificantes. Na maioria das vezes quando voltava ao beco onde era suposto ter ficado a fazer oitos via a carantonha desdentada e desnorteada do instrutor de beata entalada no buraco do dente dianteiro que lhe faltava e a voz rouca de bagaço:
- Então os oitos? Eu não a tinha mandado fazer oitos??? Raça da miúda!!!
Eu juro que sempre desconfiei que o homem implicava comigo por ser miúda e as miúdas segundo o seu olhar zarolho não deviam tirar a carta de motociclos.
Mas enfim acredito piamente que não haveria na linha miúda com tantos oitos no currículo.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 mês
3 comentários:
És a míuda dos oitos!!! Podemos então dizer que, com esse instrutor ficaste feita num oito!!
And so on...
Conheces o sr Passos Dias Aguiar Mota?
(Comentário parvo mode on!)
:)
As minhas recordações das aulas de condução são também um bocado stressantes (mais para o instrutor do que para mim)!!
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