De todas as coisas que me repugnam e que se acentuaram com a crise, a que ganha o Óscar de mais repugnante é a proliferação de entidades patronais que se cobrem do manto da austeridade para oferecerem condições miseráveis aos trabalhadores.
"Queres, muito bem. Não queres, há quem queira".
E assim se pagam ordenados de miséria, se oferecem condições vergonhosas a quem não pode de facto dar-se ao luxo recusá-las.
Não falo dos patrões que não podem de facto pagar bem, falo daqueles que podem fazê-lo e se desculpam com a crise para não o fazer.
É triste constactar a velha máxima de que há sempre quem lucre com a miséria dos outros.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
7 comentários:
E a cereja neste bolo podre são as pessoas que, nessas condições, vêm proclamar "mas eu não me importo de trabalhar 70 horas por semana a 375 euros por mês, sem fins-de-semana, porque sou uma pessoa ambiciosa e não um comodista qualquer".
É um facto. E empresas que não sofreram um belicão sequer na sua actividade e vêm com a conversa "ah, e tal...aumentos nem pensar...estamos em crise!". É repugnante mas é a realidade.
bois...
Também me repugna quando usam o argumento da crise para não pagar aumentos e salários condizentes com as funções, mas depois é viagens de férias pro Dubai e carrões de mega cilindrada... nas barbas das pessoas que se esmifram por um salário miserável.
Eu nem tenho nada a acrescentar. Subscrevo, palavra por palavra.
Eu não costumo comentar mas aqui vai: há umas semanas estive em Londres com uma colega que depois de me explicar em detalhe como cortou o salário da empregada "porque elas agora têm de se habituar" gastou 400 euros em roupa de criança GAP. Acabei por a deixar sozinha na loja e vir-me embora fisicamente mal-disposta. Eu vivo na Holanda e para quem está fora do país o pior destas conversas é o à vontade com que são ditas, a total impunidade e o subsistema eles e nós que se está a criar.
Como conheço bem essa realidade, com os meus ordenados em atraso...
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