Ainda me lembro do meu primeiro dia na escola. Com 3 anos, levei tudo o que tinha de mais precioso dentro de uma pequena mochila. As minhas pernas tremiam, o meu coração batia descompassado, estava prestes a deixar o conforto de uma vida despreocupada e entrar no mundo dos grandes...Um mundo que só largaria depois da faculdade...
Lembro-me de ficar sem a minha mãe, sem o cheiro, a voz, sem tudo aquilo que já se tinha entranhado bem dentro de mim nos meus primeiros anos de vida.
Hoje sou eu a mãe e oiço vezes sem conta as outras mulheres que me dizem que as crianças estão bem nas escolas, melhor do que em casa. Têm outras crianças para brincar, as professoras que fazem os jogos que elas precisam para o desenvolvimento perfeito das suas capacidades. Para quê ficarem em casa, quando estão tão bem longe de casa?
É inevitável pensar se estarei no caminho certo, ao desejar que a minha filha passe os primeiros anos da sua vida junto de mim. Olho-a e penso se será assim tão diferente dos outros...
Depois sorrio e continuo firme e serena naquilo que sinto ser o melhor para ela.
Quando decidi que queria ser mãe foi para tentar ao máximo imbuir a minha filha de tudo o que fosse possível, enquanto fosse possível. Do meu amor, dos meus valores, da minha voz, do meu cheiro, das suas rotinas caseiras.
Fazê-la sentir vontade de regressar a casa, encontrar em nós o seu porto seguro. Saber que aqui vai sempre poder regressar mesmo no meio dos maiores temporais da sua vida.
Se não o fizesse agora, quando o faria? Quando é que encheria os sentidos, a razão dela de tudo o que ela precisará no futuro?
Delegar esta tarefa nos outros, despejar a minha filha apenas porque não me convinha o desconforto de ficar com ela, de brincar com ela, de me rir com ela, de a ouvir chorar, implicar, rezingar. Enfim, de ser criança. Delegar tudo isto numa instituição não seria para mim ser mãe.
Há quem ponha os filhos mais cedo na escola porque não tem alternativa. Hoje em dia cada vez mais mulheres não se podem dar ao luxo de ficar com os filhos, porque a vida as obriga a enfrentar o mundo de trabalho com a mesma coragem, garra e determinação de qualquer homem.
Mas não me façam sentir mal por achar que posso fazer a diferença na vida de uma pessoa e que essa pessoa seja a minha filha...
Deixem-me fazer parte da vida dela enquanto posso. A escola do amor, a escola do carinho, a escola da vida, essa só um pai e uma mãe podem dar...
Maioridade
Há 6 dias
1 comentário:
Acho muito bem que eduques a tua pequena segundo os teus próprios critérios!
É impressionante como todo mundo tem a noção exacta de como devemos criar os nossos filhos. O Gabi só chega daqui a três, quatro meses e já chovem dicas sobre o que devo fazer para que ele cresça feliz e espertinho.
Acho que o crucial na educação de um filho é a coerência, é passarmos os nossos próprios valores. Acho que, sendo pessoas de bem, se fizermos isso, estaremos no bom caminho, embora não à prova de erros.
Quanto ao Gabi e a escola, vamos lá ver o que diz o futuro, mas, podendo, fico com ele até um aninho, se ele não se fartar de mim antes. Cá para mim, vai-se fartar, mas isso só o tempo dirá.
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