Na senda disto, ocorreu-me dissertar, que é como quem diz, defecar as minhas próprias perguntas sobre o assunto:
Se um blogue é, pelo menos eu quero acreditar que sim, uma espécie de reflexo do que nos vai por dentro. Qual é o crime de falarmos sobre o que nos acontece num determinado momento, se é isso que nos ocupa a tola?
Dou como exemplo o massacre com o meu livrinho.
Ora, se é um bebé que vai entrar na nossa vida, é mais do que natural que nos ocupe a mente.
Se é um bebé que já entrou na nossa vida, é humano que nos condicione o cérebro materno.
Bem sei que há muito boa gente a quem um filho nada traz de novo e que em nada as modifica, mas eu não faço parte dessa superior elite. Eu posso ter uma imensidão de coisas que continuam de ferro e cal, como o meu sentido de humor, ou sonhos profissionais. Mas tenho outras tantas que mudaram completamente.
Imaginar uma tragédia natural, como um terramoto, um tsunami, ou um meteorito a estilhaçar-se no quintal, antes de ser mãe, era uma coisa mais ou menos cagativa. Depois de ter sido mãe, é outra completamente diferente. Imagino já possíveis formas de os pôr a salvo, contrai-se-me o coração só de imaginar-me com eles numa situação de vida ou morte, pois agora, a minha vida já não é o mais importante.
A minha equação, balança de medidas e de decisões, a minha mobilidade, anseios, elasticidades emocionais, modificaram-se muito, sim e eu não tenho o menor pudor em gritar aos sete ventos que houve muita merda que mudou e muitos temas dos quais me apetece falar, relacionados com putos.
Sem drama, mulherio. Sem drama.
Termos alguém com quem falar das birras, das etapas, dos brinquedos e livros preferidos, das melhores fraldas. Alguém que também nos escute, quando falamos sobre literatura, ou cinema, ou neuras maternas, sem julgamentos, é bom, pá. É maravilhoso.
Abracem a maternidade sem medos e se não conseguirem voltar às calças pré-gravidez, não há crise. Entrem numa lojinha de gangas e comprem um número intermédio. É que a maternidade é feita de fases e querer pulá-las à força toda, com uma espécie de pavor de se perderem nisto de ter filharada, nem sempre faz bem à psique.
Percam-se lá à vontade, que depois voltam. Palavra de escuteira.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
8 comentários:
Fizeste-me perceber que uma das coisas que mudaram foi a maneira de ver os filmes. Viste o The Impossible? Valha-me Nossa Senhora da Lágrima Insaciável... A gralha antes de ser mãe teria visto aquilo como um filme de acção, um mero Die Hard com a pata na poça.
gralha, siiiiiiiiiiiiimmmmmm!!!!!!
stou contigo, também não caiu bem esse falso pudor: "ah e tal eu não vou deixar ser quem sou só porque agora estou grávida" Duvido, duvido, duvido... Nunca mais somos as mesmas e isso não é mau, nem "despersonalizante"!
Eu vou ficar sentadinha à espera!
Mas uma coisa vos garanto: o meu blog jamais será um baby blog!!!!! Mauahaahahah!!
Nem mais.
E qual é o problema de ser um babyblog, se é isso que nos ocupa a mente?
É como dizes, é maravilhoso poder partilhar o que sentimos, principalmente quando do outro lado sentimos apoio e um certo companheirismo, que nos faz sentir menos sós nestas aventuras maternas:-)
Fiz excelentes amigas através do meus babyblogs. Nem me passou pela cabeça reprimir nada do que ali escrevi e agradeço sempre ter tido tal ideia (hoje dá imenso jeito quando me tento lebrar quando foi exactamente que nasceu o primeiro dente, ou disseram a primeira plavra, ou tiveram varicela ou outra treta qualquer).
Para ser inteiramente sincera, prefiro a Naná mãe à Naná pré-maternidade! Se me dessem a escolher regressar ao antes, recusaria terminantemente!
Prefiro ter mil conversas sobre cocós, birras e estados febris do que desconhecer o que é a descoberta de um amor inigualável!
O que é um baby blog? :)
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