terça-feira, 14 de abril de 2009

Não é Uma Miragem


Não, não é uma miragem, nem um pesadelo. Não vale a pena esfregarem os olhos para se certificarem que estão realmente acordados. Houve mesmo alguém que se levantou um dia e pensou:
Ora deixa-me lá fazer de um dos maiores livros de todos os tempos, uma história de Zombies.
E como uma história de Zombies encaixa tão, mas tão bem no ambiente dos romances da Jane Austen. Não posso, não consigo basear-me noutro livro. Tem que ser este. Orgulho e Preconceito tem absolutamente tudo a ver com Mortos Vivos à procura de cérebros frescos para devorarem.
E a Elizabeth Bennet só pode ser a heroína que tenta salvar a pequena aldeia da ameaça dos Mortos Vivos.
Digam lá que não sou um génio? Como é que ninguém pensou nisto antes? É que tem tudo a ver, a ligação está lá. A sério que nunca tinham pensando nisto? Não acredito...

Mais do que triste fiquei absolutamente perplexa. Orgulho e Preconceito é um dos livros da minha vida. Até hoje suspiro pelo Mr. Darcy e pela Elizabeth. Todo o ambiente, mentalidade, emoção contida que os envolvem, fazem da Jane Austen uma verdadeira heroína da escrita.
Por isso quando o meu pai me ligou ontem a dar-me esta hilariante notícia fiquei com uma espécie de urticária pelo corpo inteiro, daquelas que não passam com nada. Será que mais uma vez o meu espírito demasiado conservador não me deixou ver a grandeza da coisa? Ou será que isto dá urticária a qualquer um que goste da Jane Austen?

*Provavelmente não estarei longe da verdade ao afirmar que a gravura na capa do livro é inspirada na Jane Austen a tentar saltar da campa para estrangular este escritor prodígio...

21 comentários:

Clementine Tangerina disse...

Claro que nao...mas que ridiculo! Os apaixonados de "Orgulho e preconceito" acho que nao vao abrir uma pagina!

Melissa disse...

Já me vais conhecendo e já deves imaginar o que penso...

Achei BRILHANTE!!! No mesmo espírito canibalesco de Picasso.

Sei que todas nós temos alguns livros que nos dizem imenso e têm muito valor nas nossas vidas, mas acho que a arte deve ser como a língua, é mutável, adoptável e adaptável, sem limites. Deve chocar e maravilhar, sempre e de igual modo.

Também adoro a indignação que está a causar!

(Podia escrever mais e melhor sobre isto, se não fosse o sempiterno crying-botija aqui atrelado a mim)

DeepGirl disse...

Quando não se tem que fazer, pensa-se; se se pensa, surgem idéias; se surgem idéias, tenta-se passar ao "táctil"; se se passa ao "táctil", inventa-se; se se inventa, nem sempre se é bem sucedido.

Isto foi uma clara falha de uma invenção inteligente :)

Ana C. disse...

Clementine parece que o livro está a ser um sucesso...

Ana C. disse...

Melissa tive um palpite que ias adorar esta ideia brilhante :)
Eu acho que as pessoas são livres de fazer arte, o que quer que isso seja, pois é um conceito muito subjectivo. Até existem artistas que acham que um cão a morrer à fome ao vivo numa galeria é arte. Como calculas eu não me insiro nesse grupo. Acho que tudo o que me revolva as entranhas está longe do artístico, tal como Zombies a devorarem cérebros também não encaixam no meu conceito de arte. E depois a Jane não está viva para se poder defender, acho indecente.

Ana C. disse...

Deep Girl é isso mesmo, quem muito inventa, muito piora...

Hugo Carvalho disse...

Eu estou em pulgas, como se costuma dizer, para ler. Achei a ideia muito boa e esperemos agora que a qualidade da escrita esteja ao nível da premissa.
Como qualquer forma de arte, a escrita também deve passa por mudanças. Novas expressividades, novos olhares e novas experiências. Se olharmos para alguns escritores mais recentes, notamos que os livros estão mais gráficos. Ainda recentemente li o Ipod do Douglas Coupland e a estrutura gráfica das páginas foge completamente ao tradicional e, na minha opinião, com bons resultados. Aliás esta é uma tendência que se vê bastante nos novos autores.
Mas estas coisas tendem a chocar sempre. Se olharmos para trás, no princípio do século XX, desenhar um quadrado numa tela branca era escandaloso, hoje percebemos que, era necessário alguem pintar aquele quadrado para termos a pintura que temos hoje.
Também não acho que seja um desrespeito a ninguém, nem aos fans da Jane Austen nem ao clássico que é orgulho e preconceito. Conheço pessoas que amam Jane Austen e quando souberam da notícia ficaram doidas por ler esta maluqueira.
Mas acima de tudo, julgo que não se deve tirar conclusões antes de passar os olhos pelo texto do Sr Seth Smith.

Melissa disse...

that's my boy!

Ana C. disse...

Hugo obrigada por nos brindares com a tua presença :)
Mas acho que cheguei a um certo patamar de existência em que me basta olhar para uma capa para deduzir que não vou gostar.
Chama-me antiquada, mas continuo a achar que a arte é algo que nos eleva o espírito, que nos faz pensar: Como é que este gajo conseguiu pintar isto de maneira tão sublime? Como é que este texto parece um bordado de palavras escolhidas para colorir cada emoção de uma maneira mágica?
Arte para mim não é um gatafunho num quadro, nem um livro de zombies.
Isto é a minha opinião claro. E a minha opinião desde já te aviso, é arte.

Ana C. disse...

Melissa ensinaste-o bem, ou será que foi ele que te ensinou a ti? Hmmmm, isto é um caso de zombies.

Melissa disse...

Sabes que não sou grande fã de Austen - sou mais Brontë - mas tenho um enorme respeito pelas suas heroínas e especialmente pelo que diz sem dizer. Foi das escritoras mais divertidas de estudar na faculdade.

Não acho que adaptar uma obra seja cuspir sobre ela, muito pelo contrário. Nenhum artista conseguiria adaptar o que não respeita. Aliás o próprio Orgulho e Preconceito chegou à MTV, a à Broadway e até a Bollywood (hás de ver Bride and Prejudice, uma desbunda), e cá para mim a dona Jane ia gostar de cada uma delas. E acho também que se ia rir às gargalhadas da sua Lizzie à caça de zombies.
Eu tou curiosíssima! :D

Melissa disse...

Somos uns loucos nesta casa. Uns doidos, mesmo. Treinamos um ao outro.

E pelo-me de medo de zombies, antes de acharem que sou fã.

Ana C. disse...

Melissa as irmãs Bronte são outras heroínas do seu tempo. Adoro-as!!!
Eu só acho que chamar arte a esta divagação cómica, é como dizer que o Scary Moovie merecia um óscar.

Anónimo disse...

e quando pensamos que já vimos tudo...surge isto...

Ana C. disse...

Hannah isso parece um spot publicitário eh eh eh eh
Medo, muito medo...

Hugo Carvalho disse...

As pessoas não são atraídas pelas mesmas coisas. Isso é o fascinante da arte e dos diferentes modos de expressão. No meio de tanta coisa que se faz, seja musica, seja literatura, cinema ou teatro havemos sempre de encontrar um cantinho para nós e haverá sempre formas de sermos surpreendidos e maravilhados.
Eu posso dizer que fiquei surpreendido com a ideia do Sr Seth, mas eu adoro zombies. Evidentemente que quem,como a Ana, não acha piada nenhuma à fantochada dos mortos-vivos, não deve achar piada ao livro em questão.
Eu, por exemplo, acho a madonna uma artista sofrivel e por isso não compro os discos nem quero saber o que ela anda a fazer. Por isso, de certa forma, também fico meio parvo por ver pessoas a gastar 100 euros num concerto e a estarem uma semana ao frio para terem bilhetes.
Só de pensar na quantidade de filmes de Zombies que podiam comprar com os 100 euros :)
Cada um tem as suas sensações,são assim as pessoas, mas fica descansada que te vou oferecer o livro :) Faço questão. Até pode ser que a Alice pegue nele.

Miguel disse...

Oh Ana... vá lá!!! A ideia até me parece engraçada. Temos de ter sentido de humor e, convenhamos, já não há nenhum "santo graal" que não possa ser profanado!!! Eu achei a ideia original e vou já colocar este livro na minha lista!!!

Ana C. disse...

Hugo concordo contigo, mas ofereceres-me o livro? Pode ser que a Alice pegue nele? Sim, pode ser que sim, quando faltar o papel higiénico cá em casa. AH AH AH

Ana C. disse...

Miguel se há pessoa com sentido de humor à face da terra, essa pessoa é a minha pessoa. Mas não me obriquem a ler livros da Jane Austen transformados em livros de zombies, para isso limito-me a comprar livros de zombies e ponto.

Ana. disse...

É quase imoral, não é Ana?
E eu sinto-me quase ofendida. Pessoalmente.

Bahh!

Ana C. disse...

Ana. imoral não sei, mas anormal, a puxar para a debilidade cerebral própria de um zombie de certeza absoluta.