Ora aqui está outra coisa que nunca entendi. O fetiche pelo napron. O que é que um pedaço de pano rendado tem de tão mágico para ser distribuído pela casa com uma obsessão quase doentia.
Lembro-me de um episódio que me traumatizou para sempre no que diz respeito a esta arte da renda. Um episódio que até hoje povoa os meus pesadelos mais secretos:
Devia ter uns 11 anos e fui lanchar a casa de uma colega cuja mãe tinha um destes fetiches. Eles estavam distribuídos no encosto do sofá, provavelmente para absorverem o sebo capilar. Sobre a televisão com um orgulho desmedido, pois em cima do napron televisivo repousavam duas dezenas de pequenos bonecos de cristal todos ofuscantes de brilho. Será que alguém via de facto a programação televisiva com aqueles bonequinhos que pareciam prontos a saltar dali e dançar a qualquer instante?
Sobre as cadeiras que rodeavam a mesa de jantar jaziam frias e inertes umas almofadas com fronhas de napron. Sobre a mesa a suportar o peso de uma fruteira de cristal, ali estava ele, o típico napron sobre-mesa.
O próprio quarto da minha colega estava polvilhado de naprons e almofadinhas a condizer, já para não falar nas centenas de peluches, mas esse é já um outro fetiche...
Quando eu pensei que não podia piorar, que já tinha visto naprons que davam para uma vida inteira, decidi ir à casa de banho e horror dos horrores. Pesadelo dos pesadelos. A casa de banho era um napron. A mãe da minha colega tinha feito uma capa à medida para o tampo da sanita.Não contente tinha elaborado também uma cobertura para a caixa do autoclismo, deixando de fora apenas o manípulo. A envolver o papel higiénico uma capinha de renda maravilhosa. As toalhas eram finalizadas por uma renda de napron. Para dar o toque final, havia um daqueles tapetes que servem para absorver o pingo debaixo da sanita, rematado a napron.
A mulher devia andar a aprender aquela arte com uma velocidade furiosa, testemunhas disso eram as revistas de bordados e afins espojadas num cestinho da casa de banho. O que me levou a concluir que a maioria das suas ideias criativas surgiam no poleiro (e porque é que isso não me surpreendeu).
Por tudo isto tenho a mais firme certeza que se voltasse lá hoje, passados mais de 20anos, a própria casa estaria envolta numa gigante toalha de renda, com os buraquinhos para as janelas e a família dela envergaria apenas roupa a condizer.
28 comentários:
Reconheço a minha mãe nesse fetiche... se bem que na casa de banho ainda não se lembrou de colocar nenhuma rendinha.
Precisamente por ter vivido tanto tempo de volta de naprons é que tenho completa aversão a essa "peça de decoração" (será???). Ou seja, em minha casa, para grande desgosto da minha mãe, não existe nem vestígio de tal coisa!!!!
Sofia bem vinda! Mas é claro que a tua aversão vem daí. Se eu numa tarde fiquei traumatizada, imagina tu uma vida inteira...
Aposto que a tua mãe não perde uma oportunidade para te presentear com umas peças de renda. Ah Ah Ah
EI!! Sinto-me ofendido por este texto!!! Eu A-DO-RO naperons... fica sabendo que casa sem naperons é como jardim sem flores!!!
Vem uma pessoa aqui visitar e leva com estes impropérios... Ora!!!
;)
Naprons?! Blrrrrr...a diaba não gosta!
Blhah! Detesto Napron, e não percebo em que é que um napron enfeita ou decora uma casa.
Adiante, acho que um dia essa casa ainda aparece no guiness, com tanto napron que ela tem. [Arrepio!]
Miguel raramente dou conselhos, por isso sente-te um priviligiado por receberes um assim em primeira mão:
Homem tu não andes por aí a dizer que tens o fetiche do napron. Conselho de amiga.
Diabinhos de fora bem vinda! O que é que são os diabinhos que estão de fora? Só podem ser naprons à janela :)
ML eu ainda estou para compreender este fetiche decorativo. A sério que me transcende... Medoooooooooo
Ora essa!! Homem que é Homem tem sempre, pelo menos, o naperonzinho em cima do emissor de TV!!!
Miguel tu andas a cheirar muito éter. Acalma-te e repete comigo: O Miguel não gosta de napron. Vá, agora diz outra vez: O Miguel não tem napron sobre o emissor...
A minha mãe ainda me tentou convencer com uns naperons de linho (que a avó do meu pai semeou, colheu cardou, fiou e teceu - portanto um linho valiosíssimo) e uma discreta renda a debruar o dito cujo.
Por respeito à bisa e à minha mãe, estão bem guardadinhos num daqueles sacos pipis que conservam tudo em vácuo (tipo a picanha da Argentina!!), mas em cima dos meus wengués é que não!!
;)
É coisa que não habita cá em casa. Detesto.
Guardo conjuntos (para não dizer resmas),todos no meu baú de recordações.Com 2 toalhas de mesa incluído. Nunca fui capaz de usar, porque não gosto mesmo. Nem 'unzinho' para amostra.
Ainda não faz muito tempo,que mais uma vez, me 'puxaram as orelhas' de não expor aqueles trabalhos lindos nos meus móveis.
Ó vózinha, eu adoro-te mas isso não! :)
Ah...e já agora, os paninhos da loiça e as pegas, rematadas a crochet também não ;)
A minha mãe aqui há uns anos ainda tinha esse "vicio".. Rapidamente o apaguei.. Não gosto nada.. LOL.
Beijinho.
Ora, diabinhos de fora são diabinhos à solta a fazer diabruras,claro.
Ó Miguel não ponhas naprons em cima da TV, estragas a programação, rsrsrssr
eu adoro crochet mas odeio naperons (todos menos um que me deu a minha avó, feito com um desenho escolhido por mim).
Ana, estou contigo... Naprons, rendas,,Florzinhas folhos e folhinhos... Tenho trauma de infancia!!! Ate a Laura Ashley eu odeio.... Para veres a dimensao deste trauma...Cá em casa, os móveis teem bibelots (poucos) e ás vezes pó. NUNCA Naprons!!
Ana. VOLTASTE???? Yupi!!!!
Tem cuidado com esses sacos de vácuo e não os guardes dentro do frigorífico. Lá se iam os naprons da bisa...
Carla as pegas e paninhos de loiça são um must sim senhora. Só de pensar neles tenho arrepios. MEDOOOOOOOOO
InêsN sabes fazer crochet? Como te admiro mulher...
Maria quando as mães têm o vício a coisa torna-se perigosa. É que depois dá-lhes o ventinho do enxoval todo em napron...
Tasha e aquelas casas tipicamente inglesas (não as bonitas)que têm papel de parede florido, almofadas estampadas com outras flores, colcha acetinada com motivo floral. Só de pensar nisso estou com a cabeça a andar à roda...
Uiii... esse lindo ex-libris da bela casa portuguesa nos anos 80. Detesto, tenho aversão mesmo. Acredito que tecer tão primorosas artes seja uma terapia, mas não me venham oferecer obras rendilhadas que eu não respondo por mim! LOL
Eu gosto especialmente do napron na parte de trás dos carros com o rolo de papel higiénico em cima e com a boneca de plástico que também tem um vestido tipo napron.
Socas o que fazer das prendas? Guardá-las numa gaveta e exibi-las a correr quando a visita que ofereceu chega? Que pesadelo...
Kitty acabaste de me oferecer uma visão dantesca. Mas eu adoro quando um carro desses vai à minha frente. Anima qualquer alminha.
Fantástico!!!AJoana Vasconcelos deve ser dessa familia!
Brincadeira minha eu admiro imenso o trabalho dela!
Odeio naperons!! Em minha casa não entram! Só uns que estão guardados na arrecadação que foram as minhas avós que mos deram no enxoval! Mas estão guardados!!!!
Bem, eu já vi muitas casinhas decoradas com tal adorno, mas nunca vi semelhante numa casa de banho!!! Eu detesto e aos poucos fui tirando os poucos que restavam aqui da casa da mamã..eheh
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