Todos os dias decido que vou sair pela fresca com as crias, aproveitar bem a manhã, ir ao parque, apanhar ar puro.
Todos os dias acabo por sair depois do meio dia.
Já não sei o que é bater a porta de casa, ou bater a porta do carro sem olhar para trás. Sair sem estar sempre a olhar sobre o ombro para ver onde anda a Alice. Sair sem nada nas mãos. Sair sem destino especial.
Hoje quero ir a um Parque que abriu aqui perto dentro de uma enorme reserva natural, cheio de escadas e escadinhas e gravilha, tornando quase impossível empurrar a cadeirinha do António, mas hoje quero ir lá mesmo assim.
Queria já ter ido, mas sei que vou quando o biberon tiver sido tomado, as roupas vestidas e discutidas, os sapatos calçados e discutidos, a cara lavada, os dentes dela escovados por mim e por ela, o meu duche tomado à pressa, a minha roupa escolhida ainda mais depressa, o choro do António ignorado até que ele entre finalmente no carro, os dois bem presos nas suas cadeiras protectoras e eu bata as duas portas, a do lado dela e a do lado dele. Depois dirijo-me para o meu lugar na condução e nesse momento em que ando até à parte da frente do carro, sem escutar nada, sem nada pendurado nos ombros, aproveito para descansar...
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 2 semanas
5 comentários:
Odeio a logística para sair até hoje. Odeio e fico existencialista. Saio sempre aos berros com o Hugo, porque a culpa é dele, claro.
Credo mulher, até eu fiquei a modos que estafada :S
Quando tiveres o 3º vai ser o cabo dos trabalhos :D
Grande verdade esta, depois de se ter um filho, nunca mais se sai de casa com a mesma leveza, dois então!! Eu imponho-me horas para sair de casa, mas é difícil não sair com 30 minutos a mais do que o previsto... Vida de Mãe é dura :)
Tens de comprar uma limusine para fazer render esse momento!
(eu ponho o Gugas a entrar pelo lado do Diogo, já é menos uma porta que fecho. Nos dias bons, até me lembro de lhe prender o cinto de segurança e tudo)
Suspiro!...
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